De domingo (11), dia em que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) lançou no mercado a possibilidade de apoiar Ricardo Ferraço (PMDB) para a presidência do Senado, até esta quinta-feira (15), o cenário em Brasília mudou e o peemedebista, que a princípio pareceu ter se empolgado com a história, recuou em sua movimentação para articular a candidatura com mais segurança.
As ações que levaram à prisão o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, nessa quarta-feira (14), afetam a discussão na eleição do Senado, já que ele seria ligado ao favorito da disputa, o atual presidente Renan Calheiros (PMDB-AL).
Nessa quarta-feira a Executiva do PMDB publicou nota de apoio aos seus candidatos à presidência da Câmara e do Senado, mas preferiu não citar os nomes de suas apostas, já que o cenário pode mudar ainda mais. A movimentação de Ricardo Ferraço causou reação da bancada peemedebista no Senado, que considerou antecipada a decisão de conversar primeiro com Aécio Neves e depois com os correligionários.
A dinâmica da disputa na Câmara dos Deputados é outro fator que pode mudar a movimentação no Senado, se o Palácio do Planalto pesar a mão para eleger Arlindo Chinaglia (PT-SP), tirando a eleição da mão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), poderá haver reação do PMDB no Senado.
Até aqui o cenário é desfavorável à candidatura de Ricardo Ferraço. O partido até estuda a possibilidade de mudar seu jogador na disputa, mas o plano B passa por Eunício de Oliveira (PMDB-CE). Aparentemente o partido pretende disputar unido, mas se as discussões na Câmara desandarem, o governo federal pode pressionar o partido e os dissidentes passam a ganhar voz.
Diante do momento delicado, Ricardo Ferraço faz um movimento de recuo que pode facilitar sua movimentação com a bancada. Ao adiar a decisão de disputar ou não, o senador evita desgastes e observa o desenrolar da crise interna no partido para se apresentar como alternativa da oposição mais à frente.