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Depois de tiro no pé, governo muda estratégia das auditorias

Tão logo assumiu o governo, Paulo Hartung (PMDB) elegeu os empenhos (dinheiro que deveria estar provisionado para despesas futuras) como uma das principais munições de ataque à gestão do antecessor Renato Casagrande (PSB). O secretário de Controle e Transparência, Marcelo Zenkner, recebeu a missão de comandar uma verdadeira devassa nas contas de secretarias e autarquias do governo anterior.
 
Muito antes das auditorias começarem, o Palácio Anchieta já elegera, via imprensa, o governo Casagrande como responsável por fazer despesas sem empenho. À época do anúncio das auditorias, Zenkner chegou a alertar que o ato de liquidar despesas sem empenho previa pena de um a quatro anos de prisão, num claro recado ao sociaista.
 
Isso tudo aconteceu no início de janeiro. Dois meses depois, em março, a Casa Militar divulgava o resultado da primeira auditoria no Diário Oficial do Estado. Não havia irregularidade alguma. Dinheiro em caixa havia de sobra para cobrir as despesas, que só não foram pagas porque Hartung cancelou todos os empenhos da gestão anterior no dia 8 de janeiro. Sem o empenho, o secretário José Nivaldo não tinha como fazer os pagamentos.
 
Logo em seguida, saíram os resultados das auditorias no Instituto de Obras Públicas do Estado (Iopes) e da Secretaria de Agricultura, que também não encontraram irregularidades referentes aos empenhos.
 
Nesta sexta-feira (19), em reportagem do jornal A Gazeta, o corregedor do Estado, Sócrates de Souza, afirmou que os resultados das auditorias não serão mais publicados diretamente no Diário Oficial, como vinha sendo feito até então. Antes deverão passar pelo crivo da Corregedoria, que já tem pelos 20 auditorias sob análise. Em outras palavras, o governo não quer mais ser surpreendido pelo fogo amigo, como no episódio da auditoria da Casa Militar, que acabou sendo um tiro no pé de Hartung. Ele queria encontrar um erro para expor o governo do antecessor, e acabou saindo com o ônus.
 
Essa mudança de estratégia também mostra que houve um desgaste do secretário de Controle e Transparência. Afinal, logo que as auditorias foram anunciadas, Zenkner ganhou a mídia com a pompa de supersecretário, que teria todas as credenciais para investigar as supostas irregularidades e responsabilizar os culpados.
 
Não resta dúvida que na avaliação do Palácio Anchieta Zenkner falhou e foi obrigado a passar o bastão para Sócrates. Os erros estratégicos nas primeiras auditorias foram creditados ao secretário de Controle. Sócrates até tentou destacar que o comando das auditorias está sendo dividido entre Corregedoria e Secont, mas não convenceu. A impressão que fica é que Zenkner foi jogado mesmo para escanteio.
 
Em meio aos desencontros da equipe de governo, Sócrates acabou revelando, sem perceber, outra saiu justa criada a partir das auditorias. Para explicar que a mudança de estratégia do governo visa a minimizar erros, ele citou o exemplo da Secretaria de Segurança. 
 
O corregedor afirmou que a auditoria entregue pela Sesp foi devolvida para correção. Não era para menos. A missão do secretário André Garcia é quase impossível. Ele precisa encontrar erros nos empenhos do governo anterior. O problema é que isso significa achar irregularidades em sua própria gestão, já que Garcia era o ordenador de despesas da pasta durante o governo Casagrande. Por mais cirúrgica que seja a auditoria, fica difícil achar o erro sem envolver o próprio secretário.

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