O Programa de Gestão Integrada das Águas e da Paisagem, da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), lançado em outubro do ano passado, vinha se desenhando como o grande investimento do governo do Estado nos municípios que integram as microrregiões do Caparaó e as bacias hidrográficas dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, cuja abrangência contempla as principais cidades da região metropolitana da Grande Vitória.
O programa, com financiamento do Banco Mundial, prevê o investimento de US$ 323 milhões (cerca de R$ 1,017 milhão). O contrato bilionário entra na lista de contratos sob suspeição da Cesan, mais um que deve causar dor de cabeça ao governo Paulo Hartung (PMDB).
No início da sessão ordinária desta quarta-feira (26), o deputado Euclério Sampaio denunciou, da tribuna da Casa, o que entende ser um “esquema espúrio para roubar o dinheiro do povo do Espírito Santo”.
O pedetista explicou que o governo do Estado teria conseguido um financiamento de R$ 1,2 bilhão do Banco Mundial para a realização do Águas e Paisagem, que prevê a contratação de uma empresa para fazer o gerenciamento do programa. Segundo o deputado, a empresa SGS Enger Engenharia receberia cerca de R$ 100 milhões para gerenciar o programa, mas a seleção da empresa estaria sendo direcionada para a SGS. Euclério afirma que o processo de seleção está sendo investigado pela Polícia Federal e Ministério Público Federal.
“Há um grupo seleto que se apropriou da Cesan e quer colocar a mesma empresa que gerenciou o ‘Águas Limpas’ para gerenciar o programa ‘Águas e Paisagem’. A SGS Enger Engenharia”, disse o deputado.
Euclério afirmou ainda que reuniões entre representantes do governo e da empresa foram feitas em um hotel em Vitória. “E delas [as reuniões] participam o secretário da Setop [Secretaria de Transporte e Obras], Paulo Ruy Carnelli; o senhor Eduardo Carvalho, diretor SGS, Regina Curitiba, subsecretaria de Captação da Secretaria de Governo, e Lismara Kirchner, que foi afastada da diretoria do Banco Mundial. Eles tramaram a pontuação. A empresa será escolhida por seleção e não por licitação”, disse o deputado.
Neste contexto, segundo o deputado, se redobra a necessidade da criação da CPI da Cesan, que foi abortada na Assembleia, depois de uma manobra palaciana para evitar que a comissão fosse criada. O deputado voltou a insistir que a Assembleia precisa investigar as supostas irregularidades envolvendo a companhia. “Será que é por isso que o governo não quer que investigue a Cesan”, questionou o deputado.