A denúncia contra o secretário-geral recém-eleito do PSDB Vitória, Armando Fontoura – flagrado num vídeo batendo o ponto na Câmara de Vitória e indo embora – custou seu afastamento da cúpula tucana da Capital, eleita nesse fim de semana. O episódio expõe uma briga antiga dentro do partido e afeta a sigla como um todo.
Armando faz parte de um grupo que tirou do vereador Luiz Emanuel Zouain o comando do ninho tucano em Vitória na eleição anterior, que, para variar, sofreu intervenção da estadual. A cúpula tucana destituiu do diretório municipal de Vitória, eleito em 16 de março daquele ano, e nomeou uma executiva provisória para a Capital.
A escolha no encontro municipal elegeu o engenheiro Aloísio Ramaldes, mas a outra chapa comandada pelo empresário Cassinho Aires questionou a validade da inscrição da chapa. A eleição foi anulada e nomeado presidente provisório em Vitória o enfermeiro Antonio Coutinho.
A divulgação de imagens de Fontoura deixando a Câmara de Vitória não é nova, mas ganhou projeção esta semana depois da eleição do novo diretório municipal, o que transpareceu uma ação de revanche do grupo do vereador Zouain, derrotado na eleição passada e na atual. Este ano, porém, o vereador estava apoiando uma chapa que também contava com o aval de do vice-governador César Colnago, de Luiz Paulo Vellozo Lucas e do deputado Sérgio Majeski.
Para os meios políticos, os reflexos do ocorrido prejudicam a imagem do partido, já que o diretório de Vitória é o mais importante para o ninho tucano. E nele que estão filiadas suas maiores estrelas, como Luiz Paulo e Colnago.
Uma exposição de problemas internos prejudica a sigla na Capital em um momento delicado. O PSDB vem de três derrotas consecutivas em Vitória, duas contra seu principal adversário no campo nacional, o PT. A primeira foi em 2004, quando João Coser (PT) venceu César Colnago. Em 2008, o partido apoiou Luciano Rezende (PPS) e também saiu derrotado com a reeleição do petista João Coser. Em 2012, Luiz Paulo perdeu no segundo turno para Luciano Rezende.
Neste sentido, o diretório que tem a dura missão de conquistar a prefeitura mais importante do Estado no próximo ano sai desgastado do episódio e ainda fere uma parte importante de sua base, já que a juventude do partido, ainda que dividida, representa a militância tucana e é parte importante nas campanhas eleitorais e no embate nacional com o PT.
Parte dos membros da juventude fazia parte do movimento que no ano passado defendia a aliança do PSDB com o palanque de Renato Casagrande (PSB), onde Luiz Paulo teria o espaço para disputar a eleição ao Senado, o que fortaleceria o ninho tucano.
Mas a cúpula decidiu pela aliança com o governador Paulo Hartung, que concedeu a vice a Colnago. Hoje uma parte do partido avalia que esse não foi um negócio tão vantajoso para o ninho tucano, já que apenas os aliados de Hartung foram acomodados no governo e não a representação partidária.
Processo disciplinar
O comando estadual do PSDB se manifestou sobre o o episódio envolvendo Armando Fontoura. O tucano será submetido ao Conselho de Ética do partido, que vai apurar e julgar a conduta de Armando, que na época do episódio trabalhava no gabinete do vereador Zouin, hoje seu desafeto.
Armando terá 90 dias para apresentar sua defesa ao partido. Caso a conduta do tucano seja considerada irregular em relação ao Estatuto do PSDB, Armando poderá ser excluído do partido.
O universitário alega que batia o ponto e saia sem trabalhar por orientação do próprio Luiz Emanuel Zouin. O vereador nega que tenha dado qualquer orientação irregular ao então funcionário. Ele acrescenta que se fosse conivente com a irregularidade, não teria exonerado Armando.
