A ausência do senador Ricardo Ferraço (PMDB) na reunião do governador Paulo Hartung (PMDB) com a bancada capixaba na última segunda-feira (2) teve uma interpretação a parte pelos meios políticos. Nos bastidores, o comentário é de que conturbado processo eleitoral de 2014 criou um abismo na relação dos peemedebistas.
Na verdade, as rusgas teriam começado ainda em 2010, com a substituição a contragosto de Ricardo Ferraço na candidatura ao governo, em que ele passou a ser o candidato ao Senado na chapa palaciana e Renato Casagrande (PSB) o candidato ao governo.
No final de 2013, o senador começou a falar em fim da unanimidade e articular a possibilidade de ser o candidato do PMDB nas eleições estaduais de 2014 contra o socialista. Depois de uma batalha interna no PMDB, com boa parte da bancada na Assembleia Legislativa defendendo a manutenção do grupo no palanque de Casagrande, Ricardo Ferraço chegou a anunciar seu apoio ao socialista.
Isso porque, dentro do PMDB, Hartung tirou o senador do jogo político e criou um cenário para que ele mesmo disputasse. O episódio da convenção do partido em que o senador não compareceu por ter operado o joelho, foi visto pelos meios políticos como mais um elemento deste afastamento.
As lideranças que surgiram no período também só fazem aumentar esse abismo entre o governador e o senador. A escolha de César Colnago (PSDB) para a vice de Hartung o coloca na dianteira da fila sucessória de 2018, mas os acordos do governador com outras lideranças e a necessidade de acomodar alguns espaços de disputa entre aliados é que vai estabelecer o cenário.
Para as lideranças políticas, Ricardo Ferraço está cada vez mais distante de uma disputa ao Palácio Anchieta. Deve buscar uma reeleição para o Senado, mas sem a visibilidade de uma presidência de comissão – ele perdeu a presidência da Comissão de Relações Exteriores (CRE) –, vai precisar encontrar outras formas de garantir sua visibilidade no Espírito Santo.