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???Esta é a maior agressão política que já sofri???

O governador Renato Casagrande criticou a decisão da Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa, que sugeriu a rejeição das contas do governo no exercício de 2013, apesar da manifestação favorável do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O socialista atribuiu a decisão dos parlamentares a uma tentativa de desconstrução de sua gestão, sob coordenação do governador eleito, Paulo Hartung (PMDB). “Essa é maior agressão que já sofri na vida política. É uma injustiça muito grande, mas se hoje está acontecendo isso comigo, amanhã poderá ser com outros”, alertou.

Adotando o tom mais duro desde o início da movimentação pós-eleitoral dos aliados de Hartung, Casagrande afirmou que a manobra política tem como objetivo a busca de sua “cassação política”. Ele afirmou que espera a aprovação das contas no plenário da Assembleia, em votação marcada para a próxima segunda-feira (15). “Minha confiança é na certeza que a maioria da Assembleia fará justiça e votará positivamente”, garantiu o governador, que afirmou ter tido conversas com a base aliada, apesar da mudança no clima entre os palácios Anchieta e Domingos Martins, sede dos dois poderes.

“Vocês acompanham que, desde a campanha, há uma tentativa de desconstrução administrativa do nosso governo, mesmo com todos os resultados que temos. Isso vem causando problema, porque na hora que o futuro governador e sua equipe de transição discutem questões fiscais do Estado, isso gera desconfiança na população e fornecedores. Estou convivendo com esse tipo de comentários, que exigem mais energia para conduzir o Estado”, resumiu.

Mais do que uma simples manobra para desestabilizar o final de sua administração, Casagrande denunciou uma estratégia do governador eleito para sufocar a classe política e justificar o eventual fracasso do novo governo. “Compreendemos com total clareza que é um movimento político executado por alguns parlamentares, sob comando e coordenação do futuro governador, para buscar a cassação das minhas atividades políticas”, classificou o socialista, que teve 751 mil  votos no último pleito e se credencia ao papel de sombra do peemedebista, eleito com pouco mais de um milhão de votos.

“É uma busca e uma tentativa inicial de patrocinar uma cassação política, isso só pode ser compreendido dessa forma porque o TCE aprovou sem nenhuma ressalva as contas do governo em 2013. Além do tribunal, a equipe técnica e o Ministério Público de Contas também aprovaram”, explicou Casagrande sobre a única “polêmica” levantada pela Comissão, que denunciou o descumprimento da meta fiscal – neste caso, a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) previa um superávit de R$ 280 milhões, enquanto o resultado apurado foi um déficit em torno de R$ 300 milhões no período.

Casagrande afirmou que o próprio Hartung descumpriu a meta em três anos (2006, 2009 e 2010), fato que não impediu a aprovação das contas anteriores. “Nem por isso o TCE rejeitou as contas ou a Assembleia rejeitou as contas [do governo passado]. Um agravante que, no ano de 2010, ele não cumpriu o programa de ajuste fiscal. Tanto que em 2011 tivemos que pedir perdão ao Ministério da Fazenda por não ter cumprido o programa, para poder buscar recursos externos”, afirmou o governador, que também alertou sobre o que classificou como um “enfrentamento à corte de Contas”.

Sobre a atuação dos parlamentares envolvidos na manobra, o governador afirmou que os argumentos técnicos são fictícios. “É uma muleta para justificar um movimento político que precisa ser veemente repudiado, porque esse comportamento de cercear ou limitar a atividade política de lideranças no Estado não pode ser executado. Membros de uma instituição não podem executar uma tarefa dessas porque é injusto. O que a comissão fez hoje é um injustiça e sabe que está fazendo”.

O governador voltou a defender à sua gestão e espera que se “faça justiça” com a sua administração: “É preciso que se faça justiça, o meu governo é decente, sério. Não podemos aceitar que interesses menores sejam colocados à frente. Porque hoje é comigo, mas amanha pode ser um de vocês, jornalistas, com um deputado, uma instituição, é necessário que a gente repudie e chame para o bom senso de quem atua dessa forma”.

Em relação ao futuro, o governador sinalizou que deve exercer uma oposição a Hartung, sobretudo quando for alvo de ataques – hipótese cada vez mais clara após os sistemáticos ataques por parte de aliados do futuro chefe do executivo estadual. “Tenho equilíbrio e bom senso, mas sei reagir. Não sei o que será em janeiro, mas estarei de prontidão para defender o meu governo”, cravou.

Antes da entrevista coletiva aos jornalistas, concedida no gabinete de Casagrande, a Comissão de Finanças aprovou, por maioria de votos, o parecer pela rejeição das contas do governo em 2013. Votaram contra o parecer do TCE os deputados Paulo Roberto, José Esmeraldo, Luzia Toledo (todos do PMDB), Dary Pagung (PRP) e Euclério Sampaio (PDT), que conduziu a divergência ao voto do relator, deputado Atayde Armani (DEM). A deputada Lúcia Dornelas (PT) também votou a favor da aprovação das contas do socialista.

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