O ex-secretário de Planejamento na gestão Renato Casagrande (PSB), Davi Diniz de Carvalho, rebateu as críticas feitas pela equipe econômica do governo Paulo Hartung, após o anúncio do ajuste fiscal no orçamento de 2015, aprovado nesta terça-feira (20) na Assembleia Legislativa. Ele afastou as insinuações de que a proposta anterior, de autoria da gestão socialista, seria uma “peça de ficção”. O ex-secretário avaliou que, caso a peça anterior fosse irreal, o valor da redução na previsão de gastos e despesas do Estado teria que ser muito mais significativa.
Segundo ele, o orçamento apresentado pelos integrantes da nova gestão reflete apenas uma visão mais pessimista em relação à economia capixaba. Na peça orçamentária aprovada, o governo estima a redução de R$ 806 milhões nas receitas e um ajuste de R$ 1,35 bilhão em gastos do Estado. Davi Diniz informou que a equipe responsável pela elaboração dos dois orçamentos é a mesma. “Acreditamos no orçamento que apresentamos. Ele nunca foi uma ficção. Vamos conferir lá na frente que o nosso orçamento era mais condizente com a economia do nosso Estado. Não achamos que existe esse ‘arraso’ da economia local”, afirmou.
As declarações do ex-secretário reforçam a conotação de uma atitude política por parte da equipe de Hartung, que teria levado o discurso da campanha eleitoral para o governo. “O orçamento [inicial] é tão real que esse tipo de ação só se justificativa para dar vazão ao discurso de que o Estado perdeu rumo ou explicar a paralisação de obras e convênios que estavam em andamento”, lembrou Davi Diniz, que não descarta um prejuízos aos projetos iniciados na gestão passada.
Sobre os cortes nas áreas do governo, o ex-secretário de Planejamento relatou a dificuldade para continuidade de algumas ações, como os convênios na área da Secretaria de Esportes, que sofrerá um corte de 78%, mais de R$ 80 milhões, em seu orçamento. “Sem dúvida, o corte vai afetar os investimentos nos projetos Campo Bom de Bola, Praças Saudáveis e do Estado Presente”, citou, sem descartar o prejuízo àqueles convênios já assinados e cujas obras dependiam dos repasses do Tesouro Estadual. As parcerias com os municípios, que era destacada na gestão passada, também é alvo de incertezas, sobretudo com a manutenção ou não do Fundo Cidades – pleiteada pela entidade de prefeitos capixabas.
Em relação à polêmica no corte de verbas para os demais Poderes e áreas essenciais, Davi Diniz lamentou a falta de diálogo e transparência por parte da nova gestão. “A peça orçamentária precisa ser discutida com a sociedade. Não soube de realização de nenhuma audiência pública ou sequer uma discussão com o sindicato dos servidores. Eles [nova equipe econômica] pegaram uma negociação feita com os poderes e ignoraram dando um reajuste linear sem considerar a realidade dos gastos de cada instituição”, apontou.
Davi Diniz acredita que até o final do ano a realidade dos números da arrecadação fará justiça ao orçamento apresentado pela equipe de Casagrande: “Eu faço um apelo à imprensa para que observe qual será o total de créditos suplementares [quando o governo reforça o orçamento de uma área, transferindo recursos de pastas ou com a entrada de recursos a mais em caixa] e o valor arrecadado durante o ano”. Ele revelou ainda que a realidade fiscal da gestão passada será conhecida até o final de março, quando sairá o balanço final do governo Casagrande.