O impasse sobre a composição da diretoria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Espírito Santo terminou sem espaço para o PT. A eleição para a diretoria do órgão se estendeu noite adentro dessa quarta-feira (26), sem um consenso sobre a acomodação do deputado estadual Roberto Carlos, que tinha o apoio do governador eleito Paulo Hartung (PMDB).
Isso porque, apesar das conversas preliminares, o presidente da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas do Estado (Aderes), Pedro Rigo, não desistiu da disputa. Ele tinha o apoio do governador Renato Casagrande e dois votos na eleição.
A disputa se tornou, então, uma reedição da eleição estadual deste ano entre Hartung e Casagrande. A diretoria anterior, ligada a Hartung, abria mão de apenas uma vaga para acomodar o PT e não flexibilizou a discussão para abrigar também Rigo, que disputava a Superintendência.
A discussão se radicalizou dos dois lados, com Rigo não abrindo mão da vaga e a antiga diretoria se mantendo inflexível à adesão de mais um petista. Com isso, prevaleceu a diretoria anterior, com José Eugênio na superintendência, Ruy Dias e Benildo Denadai nas diretorias do órgão, e o PT sem nenhum espaço. Isso faz com que o grupo continue hartunguete, mas a primeira tentativa de acomodar Roberto Carlos no novo governo falhou.
Terminada a eleição, os meios políticos começaram a especular como Hartung acomodaria o candidato do PT ao governo, Roberto Carlos, em seu novo governo. Durante a campanha, o fraco desempenho do petista, que chegou a 6% dos votos e não contribuiu para um segundo turno eleitoral, beneficiou Hartung. Paralelamente, o presidente do PT, João Coser, passou a articular a entrada do partido no governo de Hartung, do qual fez parte nos dois mandatos anteriores.
Como Hartung foi eleito no palanque do PSDB, haveria uma pressão tucana para que o PT não seja aproveitado em uma Secretaria, o que fortaleceria o partido no Estado. Também um cuidado para que Roberto Carlos não seja indicado para uma vaga ligada ao Palácio Anchieta, o que legitimaria os comentários da campanha de que sua candidatura teria o objetivo de fortalecer Hartung e não de enfrentá-lo.
Roberto Carlos chegou a ser chamado nos meios políticos de candidato “laranja” e uma vaga no governo seria vista como uma recompensa por essa atuação. O caminho seria, então, acomodá-lo em um cargo federal no Estado, como sugeriu o próprio presidente do PT no início das articulações.
Internamente, o PT também tem resistências à entrada do partido no governo do Estado. A expectativa é de que o partido fechassee uma decisão conjunta sobre o tema, mas a tendência hoje é de que as correntes definam seu posicionamento em separado, já que a cúpula do PT já estaria discutindo a ocupação de cargos no governo de Hartung. O governador deve anunciar seu secretariado a partir da próxima semana.