O deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) saiu satisfeito do almoço com o governador Paulo Hartung (PMDB). O presidente da Assembleia ficou mais fortalecido em seu reduto político, Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado, onde vai emprestar o seu prestígio político para um candidato, mas também em relação ao seu projeto de emplacar o quarto mandato à frente da Mesa Diretora da Casa.
O movimento do deputado trouxe ainda um fortalecimento da imagem da Casa perante o Executivo. Ao não comparecer ao almoço oferecido por Hartung aos deputados, Ferraço chamou a atenção do governo sobre a necessidade de dar ao Poder Legislativo um tratamento mais respeitoso. Ferraço se queixou, com razão, do fato de o almoço com os deputados ter sido agendado pelo secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Roberto Ferreira.
Ferraço defendeu que o próprio governador deveria ter feito o telefonema. Não foi ao almoço e fez questão de deixar clara sua insatisfação com a atitude do chefe do Executivo. A reclamação deu resultado. O governador o convidou para um almoço privativo, a quatro paredes.
Esse gesto é carregado de simbolismo, representou que Hartung agiu mal com o presidente do Legislativo e teve de voltar atrás. O almoço, de outro lado, serviu para mostrar para os deputados que Ferraço tem condição de continuar à frente da Casa porque se impõe, ou seja, é hoje o único deputado com força para intermediar a relação dos deputados com o Palácio Anchieta.
Se para Ferraço fica mais fácil emplacar sua permanência na presidência da Casa, para Hartung ficará mais difícil colocar um nome menos imprevisível no comando do Legislativo. Os presidentes da Assembleia nas gestões Paulo Hartung – Claudio Vereza, César Colnago, Guerino Zanon e Elcio Alvares – tinham um perfil mais leal e menos explosivo, que agradavam o Executivo. Com Ferraço, a conversa se dá em um patamar diferente.
Ao conversar com o demista sobre a eleição em Cachoeiro de Itapemirim, a impressão que o Palácio Anchieta parece querer passar é que estaria dando este espaço para que Ferraço se acomode, mas o deputado não precisaria do aval palaciano para fazer suas movimentações com o cenário favorável ao seu nome em Cachoeiro.
Essa estratégia não tira Ferraço da movimentação pela presidência da Assembleia e as articulações para emplacar a PEC que poderá assegurar o quarto mandato para o deputado.
