O manifesto dos prefeitos do PMDB, divulgado na última sexta-feira (10), pedindo a permanência do governador Paulo Hartung no partido foi visto nos meios políticos como um movimento para barrar o crescimento da senadora Rose de Freitas na corrida pelo Palácio Anchieta, no próximo ano, dentro e fora do partido.
O manifesto dos prefeitos do Estado reforça o discurso que o governador conseguiu emplacar em nível nacional de excelência em gestão e do assédio de outros partidos ao governador para um projeto presidencial. O documento traz a assinatura dos 17 prefeitos do partido, pedindo que o governador permaneça no partido, que está filiado desde 2005.
Para os observadores, o movimento de Hartung deixando transparecer que deixaria o partido, se estende desde o ano passado e ganhou corpo nos últimos meses, quando o govenador estreitou conversas com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Na última segunda-feira (6), em entrevista a Rádio CBN Vitória, o governador voltou a afirmar que deixaria o PMDB, mas não agora.
Dentro do partido, a possibilidade de saída de Hartung fortaleceu a senadora Rose de Freitas, que vem se colocando como candidata ao governo e já mostrou disposição a disputar uma convenção como governador dentro do PMDB. Sem ele no caminho, o partido não teria como não dar a legenda para a senadora disputar o governo.
Além de se fortalecer no PMDB capixaba, a disposição de Rose também anima a nacional, sobretudo com a possibilidade de o partido perder o governador do Espírito Santo. O trânsito da deputada com o governo federal também aumenta seu capital com os prefeitos do Estado e favorece sua articulação eleitoral para o próximo ano.
O crescimento de Rose de Freitas para o processo eleitoral do próximo ano tem sido uma preocupação no Palácio Anchieta. Uma preocupação que fez o governador se movimentar no interior para tentar equilibrar o jogo. Mas o que tem enfraquecido Hartung no processo eleitoral é a constante movimentação para fora do Estado, enquanto Rose busca cada vez mais se aproximar das lideranças locais.
Por isso, o movimento tenta colocar o pé na porta da senadora no PMDB. Deixando a articulação para a troca de partido para o próximo ano, às vésperas do início do processo eleitoral.