Independentemente de quem vier a vencer a eleição presidencial, a relação com o Espírito Santo, pelo menos do ponto de vista político, será difícil. Isso porque o governador eleito Paulo Hartung (PMDB) tem contas a ajustar tanto com Dilma Rousseff (PT) quanto com Aécio Neves (PSDB), o que pode prejudicar a relação institucional entre Estado e governo federal.
Embora tenha um vice do PSDB, o presidente regional do partido, deputado federal César Colnago e Hartung, Aécio não estaria satisfeito com o desempenho de seu aliado no Espírito Santo, Paulo Hartung. Chegou a mandar uma mensagem velada, que para os meios políticos, tinha endereço certo: o candidato ao governo.
Hartung desconversa. Afirma que no momento mais difícil da campanha do tucano caminhou com ele em Linhares, no norte do Estado. Mas Aécio viria antes ao Espírito Santo. Desistiu porque acompanhou a campanha no Estado, percebendo que houve uma tentativa de descolamento da campanha de Hartung da sua. Ao mesmo tempo, Hartung fazia movimentos na direção de Dilma. Nos últimos debates na TV Hartung evitou tocar no nome da petista e do tucano.
Naquele momento, como Marina Silva (PSB) em crescimento e no palanque de Renato Casagrande, o movimento seria no sentido de ter um palanque nacional a se guindar caso houvesse segundo turno no Estado. O tucano teria ficado magoado com a atitude de Hartung, que considerava mais do que um aliado político.
Já no palanque do PT, a história de afastamento de Paulo Hartung do candidatos do partido vem de longa data. Na campanha de 2002, Hartung, já eleito governador, se manteve neutro no segundo turno para evitar conflito com o governo federal. Ficou em cima do muro entre o tucano José Serra e Lula.
Em 2006, quando Hartung disputou a reeleição, a história se repetiu. Lula, na preparação para o segundo turno, convidou os governadores aliados para um encontro, em Brasília, no sentido de mobilizar as forças políticas em torno de seu palanque. Esperava que Hartung fosse seu cabo eleitoral com os demais governadores do PMDB, mas o governador capixaba não foi ao encontro e adotou a neutralidade.
Na campanha de Dilma, em 2010, embora tenha se comprometido com o palanque da petista, não fez campanha para ela e, após a eleição, quando Dilma sofreu uma derrota no Estado, disse que a presidente precisava calçar as “sandálias da humildade” e que aquele fora um recado do eleitor do Estado para ela.
Diante das rusgas políticas, para garantir que isso não afete a relação institucional, o governador eleito, que é conhecido por não ter bom trânsito em Brasília, vai precisar acionar aliados ligados ao presidente que for eleito no próximo dia 26.