Essa semana começou a ser veiculada uma propaganda sobre o Escola Viva. A peça publicitária apresenta um cenário impressionante sobre os primeiros passos do projeto no Estado. Mas a comunidade escolar não sabe se o que está sendo mostrado na TV é realmente o que acontece nas dependências da escola, que funciona no antigo prédio da Faesa, em São Pedro, Vitória.
Isso porque, o grupo coordenado pelo Ministério Público Estadual para fazer o acompanhamento do projeto está parado. Desde a primeira – e única – reunião em 22 de junho passado, as medidas prometidas não se realizaram e o monitoramento, por representantes da comeunidade escolar – pais, alunos, professores – , ficou só no papel.
Entre as deliberações do grupo estava a instituição de um comitê para integrantes dos professores e do sindicato da categoria e alunos da União Estadual dos Estudantes (UESES) e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Assembleia Legislativa e da Associação de Paes de Alunos do Estado (Assopaes).
Também ficou decidida a averiguação dos contratos existentes entre o Estado, o Instituto de Corresponsabilidade Educacional (ICE) e a ONG empresarial Espírito Santo em Ação para a locação do imóvel pertencente à Faesa, os moveis, equipamentos, reformas e demais serviços, além da estrutura escolar (acessibilidade, biblioteca, mobiliário, refeitórios, vestiários, entre outros).
Outra questão a ser monitorada seria a dinâmica pedagógica, com as turmas, alunos por sala, carga horária, currículo e proposta pedagógica. A gestão escolar também seria alvo da apuração com a verificação da equipe gestora, do conselho de escola, grêmio estudantil.
O grupo previa ainda uma visita técnica no dia 10 de agosto ao local. Visita não aconteceu. Os comentários na comunidade escolar são de que está havendo pressão da Secretaria de Educação sobre o Ministério Público para esvaziar o grupo.
Poucas são as informações sobre os primeiros passos do projeto, mas as que chegam não se encaixam no cenário mostrado na propaganda. Sem muitas atividades extra-classe, os estudantes que se empolgaram com o projeto agora estariam confinados nas salas de aula , que são em tempo integral. Os professores também estariam assumindo uma carga horária muito maior que a combinada e pouco produtiva, em comparação às demais escolas da rede estadual.
Bandeira de campanha do governador Paulo Hartung (PMDB), o Escola Viva foi vendido para a sociedade como a solução para melhorar a qualidade da educação no Estado. O problema foi a forma pouco democrática da discussão do problema e a ingerência da iniciativa privada na discussão. Os estudantes reagiram e uma dura batalha foi travada para barrar o projeto, que inicialmente seria implantada em cinco escolas do Estado.
Com inúmeros problemas relatados pela comunidade escolar nas estruturas das escolas, a permanência em tempo integral nas escolas seria um movimento difícil de ser aceito. Neste sentido, o governo fechou acordo com os deputados estaduais e 100 dias após o início da tramitação do projeto na Assembleia, o projeto-piloto foi aprovado, permitindo a criação da primeira unidade da Escola Viva.