O governador Paulo Hartung (PMDB), na entrevista concedida ao jornal A Tribuna desse domingo (22), tratou de furar o balão de ensaio que ele próprio lançou no início do mês de que estaria de malas prontas para o PSDB. Mas a justificativa apresentada, de que vai esperar uma reforma partidária, não convenceu a classe política.
Para os observadores, o governador teria perdido o tempo para uma migração para o PSDB e agora observa os movimentos nacionais para não fazer uma escolha errada. A crise dos partidos e a instabilidade política nacional podem comprometer o projeto político do governador.
Como pode mudar de partido até seis meses antes da disputa, ele tem muito tempo para observar quais siglas sairão fortalecidas e quais serão desgastadas até lá. Não só o movimento dos partidos, mas também quais os espaços que ficam em aberto para disputa viável. Diante disso, ele aproveita a entrevista para abrir mais uma porta.
O governador já deixou transpirar nos meios políticos que pode disputar o Senado, a reeleição ao governo do Estado e até para Presidência da República ou a vice, seu nome foi aventado. Agora inclui nos suas opções e hipótese de “pendurar as chuteiras” e ficar fora do debate eleitoral, apoiando um aliado para a sucessão. Para convencer que essa também é uma hipótese a ser considerado, ele lembra, na entrevista, que tomou esse caminho em 2010.
Esse debate tira, mais uma vez, o seu atual vice-governador César Colnago (PSDB) da zona de conforto, em que o próprio Hartung o colocou na eleição, garantido que o tucano tinha a primeira senha para a disputa à sucessão ao Palácio Anchieta. Ao mesmo tempo, cria uma expectativa na classe política pelo apoio do governador para essa vaga.
Essa estratégia favorece uma composição de unanimidade, que elimina vozes dissonantes do discurso palaciano e incentiva uma espécie de competição das lideranças para se viabilizarem a receber o apoio do governador, como aconteceu em 2010. Naquele ano, o então senador Renato Casagrande (PSB), o então vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB), e o então deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), eram apontados como os nomes que estariam na “fila sucessória” de Hartung.
Ricardo Ferraço havia se viabilizado, mas uma manobra nacional entre PSB, PMDB e PT levou Renato Casagrande a disputar o governo como candidato palaciano. Desta vez, o cenário vai apontar o caminho seguido por Hartung e não deve haver antecipação alguma.