O governador Paulo Hartung (PMDB) concedeu uma série de entrevistas à imprensa para falar sobre os cem primeiros dias de seu terceiro mandato. A última delas foi na manhã desta terça-feira (14), na Rádio CBN Vitória. Mas o discurso foi o mesmo das demais falas do peemedebista, sempre na linha da necessidade de “pé no freio”.
Hartung, mais uma vez, jogou a culpa pela crise financeira no início do ano ao governo anterior. Embora reforce que a “eleição já passou”, continua falando em descontrole das contas, em atraso em obras, e tomando para si projetos concluídos no governo passado.
Outro ponto que chama a atenção é a tentativa do governador de reverter o desgaste político causado por sua principal derrota neste início de ano. Hartung afirmou que o projeto Escola Viva ainda está sendo construído e que o debate com a sociedade é importante para a formatação do mesmo.
Para os meios políticos, porém, a reação da comunidade escolar, que culminou com a retirada do regime de urgência da matéria na Assembleia Legislativa, foi considerada uma derrota política, já que essa era a sua principal bandeira de campanha. Isso porque, na defesa do projeto, a Secretaria de Educação demonstrou fragilidade na discussão.
A publicação do Demonstrativo do Resultado Primário do governo do Estado, em 30 de março, com a divulgação do superávit primário nos dois primeiros meses do ano, de R$ 630,48 milhões, colocou o discurso de crise em xeque, mas o governador tentou minimizar o assunto, dizendo que houve uma redução de 12% em relação ao início do ano passado, o que justificaria os cortes e a paralisação de obras.
Para lideranças do Estado, o governador estaria buscando acumular um colchão ao mesmo tempo em que reforça o discurso de desgaste de seu antecessor, para fortalecer a promessa de recuperação da capacidade de investimentos, com recursos próprios.
Casagrande reage
Já o ex-governador Renato Casagrande (PSB) voltou a utilizar as redes sociais para reagir às afirmações de Hartung. Ele destacou que para justificar o fato de não ter nenhum resultado a apresentar, o governador recorreu ao discurso de que encontrou o governo desorganizado.
“Agindo como se os capixabas fossem cegos, disse que faz um governo de diálogo, e citou como exemplo a tal ‘Escola Viva’. Na verdade, esse foi um projeto enviado à Assembleia Legislativa em regime de urgência, sem nenhum debate com a sociedade. Professores, pais e alunos se mobilizaram contra o improviso e o autoritarismo. E o governo foi obrigado a retirar o projeto”, disparou.
O socialista criticou também o corte de recursos nas áreas sociais e a falta de ajuda aos municípios. Para Casagrande, o discurso tenta esconder a “paralisia de uma administração que não consegue tirar os olhos do retrovisor”.
O ex-governador afirma ainda que a atual gestão está penalizando a população por causa da disputa eleitoral. “É a política da vaidade, da enganação, da arrogância e da intimidação. A mesma velha política, com uma camisa diferente”, enfatizou.
