Hartung faz críticas veladas a Casagrande em plena cidade natal do governador
Enquanto o governador Renato Casagrande participava na manhã dessa quinta-feira (13) do lançamento de novas variedades de café, na Fazenda Experimental do Incaper, em Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado), a cerca de 15 quilômetros dali, em Castelo, o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) concedia uma entrevista à Rádio Cultura de Castelo, cidade natal do governador.
Embora a abrangência na rádio seja limitada à região, o tom da entrevista correu feito rastilho de pólvora, repercutindo nos meios políticos do Estado. Hartung não mencionou o nome de Casagrande em nenhum momento da entrevista, mas para os meios políticos, as críticas veladas ao socialista foram muito bem entendidas pelos aliados.
Hartung subiu o tom dizendo que deixou 330 obras engatilhadas e que as inaugurações que estão sendo feitas são de projetos iniciados gestados no seu governo. Também criticou a obra o Hospital São Lucas, em Vitória, que está, segundo ele, parada.
O ex-governador elogiou o secretário de Agricultura, Ênio Bérgoli (que também foi seu secretário), que estava na solenidade ao lado de Casagrande. No momento mais polêmico da entrevista, Hartung disse que o governo não é lugar para levar amigos e sim gente com competência técnica. Ele acrescentou que não adianta chororô dos governantes pedindo recursos.
Mas não foi só o tom da entrevista que movimentou os meios políticos. Na solenidade na Fazenda Experimental, muita gente estava atrás de um "radinho" para ouvir o que o ex-governador tanto falava na entrevista.
Casagrande também pressentia que viria chumbo grosso pelas ondas do rádio, tanto que atrasou a solenidade, permitindo que 12 pessoas falassem no evento na sua frente. Mas Hartung também protelou sua entrada no ar, criando apreensividade nos dois lados.
Para os observadores, ficou a impressão de demonstração de força do ex-governador. Dia, hora e local das declarações, tudo premeditado, deram a impressão de que a estratégia de Hartung era diminuir o capital de Casagrande nos seus domínios. O recado entendido pela classe política é de que o ex-governador não está com Casagrande e que seu nome ao governo deve ser o do senador Ricardo Ferraço (PMDB).
Artigo
Outro recado de Hartung foi dado no almoço-palestra realizado também nessa quinta-feira, em Cachoeiro de Itapemirim. A conversa com empreendedores foi relatada no artigo semanal do ex-governador, publicado em A Gazeta, nesta sexta-feira (14).
Hartung deixa transparecer a ideia de que o governo Casagrande tem conseguido mais recursos do que ele teve entre 2003 e 2010, dando a entender que fez mais com menos. Segundo Hartung, no período que esteve no governo, o Estado recebeu R$ 1,239 bilhão e que só em 2012, o montante recebido foi de R$ 1,240 bilhão.
Aécio
Além da fala de Hartung, que enfraquece Casagrande para 2014 e abre caminho para um palanque do PMDB, puxado ou por ele mesmo ou provavelmente pelo senador Ricardo Ferraço, a aproximação de Hartung do senador e presidenciável tucano Aécio Neves é outro fator que complica as pretensões de Casagrande.
Casagrande vem buscando aproximação com o ninho tucano local. Aécio Neves aposta em um palanque próprio no Estado, e como seus aliados estão costurando uma chapa forte proporcional e o tucano vem falando sobre a possibilidade de ter um palanque com Hartung no Estado, a estratégia do governador de construir um palanque único abrangendo os aliados e os novos parceiros pode naufragar.
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