O governador Paulo Hartung (PMDB), em entrevista ao jornal Valor Econômico nessa terça-feira (26), conseguiu “cavar” mais uma pauta importante na elite da mídia nacional. Sem entrar no mérito do impeachment, o peemedebista vem conseguido espaço na discussão nacional, ganhando assim visibilidade, mas sem se comprometer com um dois lados envolvidos na polêmica: os que são contra e os que são a favor do impeachment.
À reportagem, o governador capixaba destaca que a indefinição sobre o processo de impeachment trava o País. Hartung afirma que concorda com o economista e conselheiro do ex-presidente Lula, Delfin Netto, que aconselhou a presidente Dilma a procurar o Congresso em busca de um diálogo franco. Ele disse, porém, que seria melhor para a presidente fazer a conversa já sabendo se fica ou não até 2018.
De carona na discussão do impeachment, Hartung se esforça para mostrar à opinião pública nacional que a saída para a crise política-econômica é trabalhar uma agenda propositiva para o País. O governador quer ser reconhecido como referência no enfrentamento da crise. A propósito, a reportagem do Valor abre destacando que o governador capixaba é um dos poucos da federação que tem conseguido vencer a crise.
Aos poucos, Hartung vem aproveitando os espaços para divulgar alguns pontos de sua receita, como o investimento em infraestrutura para atrair projetos desenvolvimentistas e o aumento do espaço da iniciativa privada no poder público, como vem fazendo em sua gestão no Espírito Santo. Assim, ele consegue promover seu modelo de gestão, além lustrar seu capital político e ainda mostrar que não está omisso à discussão nacional.
Eleito no palanque do PSDB, do então presidenciável Aécio Neves (MG), mas sem se distanciar das lideranças do PT no Estado e mantendo conversa com o governo federal, Hartung não arrisca um posicionamento “seco” e se centra na necessidade de se acelerar o processo de impeachment, no Congresso Nacional, para que o País se volte para a o enfrentamento da crise econômica.
O posicionamento de Hartung, porém, não agrada nenhum dos lados da discussão nacional. No ninho tucano, desde o processo eleitoral, a opção de Hartung de não atacar abertamente Dilma não tem agradado o presidenciável Aécio Neves. No PMDB, o vice-presidente Michel Temer veio ao Estado para afinar o discurso com Hartung em uma reunião na Residência Oficial. Quanto ao governo federal, o governador evitou um encontro político com a presidente Dilma, mas vem mantendo a agenda administrativa.