O governador Paulo Hartung deve se encontrar com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, depois do feriado de 7 de Setembro. Eles devem conversar sobre a construção de uma agenda política para 2018. O encontro é desdobramento da entrevista do jornal Valor Econômico (01/09), em que o ex-ministro afirma que só entraria na disputa à Presidência da República se fosse ao lado de Hartung.
Uma nova reportagem do mesmo jornal nesta quarta-feira (6), repercutindo essa aproximação de Barbosa e Hartung, destaca a movimentação do governador, que agora inclui o PSB na cesta de partidos com os quais estaria conversando para uma iminente migração. Nessa cesta já estão o PSDB, DEM e PSD.
De acordo com a reportagem do Valor, a legenda mais simpática ao ex-ministro Joaquim Barbosa é o PSB, partido pelo qual Hartung foi eleito governador em 2002, mas que tem resistência em se reaproximar do partido, porque a principal liderança da legenda, o ex-governador Renato Casagrande, é adversário declarado do peemedebista.
“O deputado Júlio Delgado (MG), um dos mais ativos na aproximação entre o partido e o ex-ministro, pondera que uma aliança com Hartung teria como obstáculo o ex-governador Renato Casagrande, principal nome do PSB no Espírito Santo”, diz o Valor.
Mas Hartung, que evita qualquer contato direto com a legenda e suas lideranças no Estado, disse que não vê problema na movimentação. “Se fosse fácil essa costura já estava feita. Sempre haverá situações locais a serem solucionadas, mas as lideranças responsáveis estão se dando conta de que se não se unirem o país será dominado pelo populismo de direita ou de esquerda. Só vai ter lugar para quem quiser vender terreno na lua”, advertiu o peemedebista.
O discurso de Hartung no Valor vai ao encontro do discurso do deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD), nessa terça-feira (5), na Assembleia Legislativa. Ele defendeu a união das lideranças em torno da ascensão do governador, como um representante das lideranças políticas do Estado no cenário nacional.
Essa seria uma forma de fazer com que o grupo que começa a ganhar força no Estado buscando uma disputa contra o palanque palaciano se desidrate. A senadora Rose de Freitas (PMDB), embora não assuma uma postura oposicionista ao governo do Estado, tem buscando apoios para a construção de um palanque alternativo e tem conversado com Casagrande em busca de uma composição, que daria a esse palanque um perfil anti-Hartung.
Esse discurso de unidade disparado por Enivaldo poderia oferecer a Casagrande uma acomodação no palanque palaciano, mas o ex-governador reagiu de forma negativa aos apontamentos do governador no Valor. Em sua página no Facebook, Casagrande questionou: “Que confiança a população capixaba pode ter em um governador que brinca com assunto tão sério”? A pergunta repudia a movimentação de Hartung em direção ao PSB.
No último sábado (2), o PSB realizou um encontro regional para a eleição da direção do partido no Estado e Casagrande foi festejado pelos correligionários como um nome ao governo. O socialista, porém, preferiu manter sua estratégia de não se colocar como candidato. Ele tem circulado pelo Estado, fazendo encontros nas Câmaras municipais desde o início do ano, para discutir o cenário político, mas não apresenta o espaço que pretende ocupar no processo do ano que vem.
Uma composição com o palanque de Hartung já estaria sendo proposta por interlocutores do Palácio Anchieta, mas o socialista não está disposto a ser parte desse grupo. Mas para os meios políticos, ainda há esperança de uma aliança indireta, em que Casagrande possa disputar o Senado, evitando o embate indireto com o governador. Para outras lideranças, porém, a sonhada unanimidade em torno de Hartung, que imperou no Estado nos dois primeiros mandatos do governador, hoje seria um projeto inviável.