O governador Paulo Hartung (PMDB) ofereceu nessa segunda-feira (17) o tradicional jantar que marca o início do recesso parlamentar aos deputados estaduais e fez do evento uma ferramenta para tentar pressionar os deputados que, em alguns momentos, têm se desalinhado com as orientações do Palácio Anchieta em algumas votações.
Segundo a coluna Plenário, do jornal A Tribuna, desta quarta-feira (19), dez parlamentares não foram convidados para o encontro. A ausência dos quatro que já se colocam como oposição na Casa: Sergio Majeski (PSDB), Theodorico Ferraço (DEM) e os pedetistas, Euclério Sampaio e Josias da Vitória já era esperada. O que surpreendeu foi o governador não ter convidado os deputados do PSB, Freitas e Bruno Lamas; os petistas Padre Honório e Nunes. Além de Almir Vieira (PRP) e Marcus Bruno (Rede).
Ainda segundo a coluna, os dez votaram contra o projeto de reestruturação da Polícia Militar, a semana passada, por entenderem que a matéria merecia mais debate no Legislativo. A falta de apoio de um terço da Assembleia teria desagradado o governo. Esses deputados também têm oscilado entre apoios e críticas esporádicas aos projetos palacianos. A postura de Hartung revela uma tentativa de enquadrar os deputados que vez ou outra oscilam.
Há de se destacar também a posição de alguns dos excluídos. O PT, apesar da contrariedade da direção do partido, deixou o governo no mês passado, o que deixa os deputados mais livres para se posicionarem como quiserem em relação às votações, sobretudo as que desagradam os redutos eleitorais dos petistas.
Em relação ao PSB, de Renato Casagrande, os deputados passaram até aqui ao largo, mas o clima político pode desgastar a relação com os parlamentares. Já Marcos Bruno está afastado do governo há algum tempo, chegou a se alinhar a um grupo que ensaiou uma frente de oposição na Casa.
Entre os deputados convidados, a ausência do deputado Amaro Neto (SD) causou burburinho nos meios políticos. O deputado afirmou que não foi porque o filho estava doente, mas para algumas lideranças, Amaro Neto, apesar de ter um comportamento alinhado à base, politicamente segue uma linha própria, sem dependência do Palácio Anchieta.
Além da exclusão do jantar, os recados do governador para pressionar os deputados também incluem exonerações de aliados dos deputados, como aconteceu com cinco cargos indicados pelo deputado Padre Honório, que foram retirados na base do parlamentar.
Outra importante ferramenta de persuasão utilizada por Hartung é o atendimento das emendas parlamentares. Anualmente, o governo destina um valor para que os parlamentares possam indicar como emendas a suas bases eleitorais para que abram mão do direito constitucional de emendar o Orçamento e mudar rubricas. Em 2016, o valor destinado foi de R$ 1,2 milhão para cada deputado, mas Hartung cumpriu apenas R$ 500 mil desse montante. Alguns deputados, os que se desalinharam do Palácio, não tiveram nenhuma emenda atendida.
O deputado Sergio Majeski chegou a apresentar uma proposta na Assembleia, instituindo as emendas impositivas, como acontece na Câmara dos Deputados. Mas o plenário foi pressionado a rejeitar a matéria. Isso mantém as emendas como moeda de barganha para o governo. E deve ser usada de forma bem seletiva no exercício de 2017.