O governador Paulo Hartung (PMDB) foi intimado pela Polícia Federal no âmbito do Inquérito 4141, que investiga o envolvimento da empreiteira OAS em pagamento de propinas para a construção da Arena das Dunas, em Natal (RN), durante a Copa do Mundo de 2014.
Embora pudesse prestar depoimento em na sede da PF em Vila Velha, o governador optou por Brasília. Não se sabe exatamente a data do depoimento, mas teria sido no primeiro semestre deste ano. A informação foi publicada nesta sexta-feira (21) com exclusividade pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
O interrogatório aconteceu na Delegacia de Combate ao Crime Organizado, em Brasília, e foi determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. O depoimento de Hartung não foi divulgado pela Justiça por força do sigilo decretado no caso.
Ainda segundo a coluna, o depoimento faz parte do Inquérito 4141, que corre em segredo de Justiça e investiga, entre outros crimes, propinas pagas pela OAS. No inquérito, segundo Jardim, o senador José Agripino Maia (DEM) e seu grupo político são acusados de receber propina em obras do estádio Arena das Dunas, construído em Natal para o Mundial de 2014.
De acordo com a coluna, as investigações trouxeram à tona outros casos suspeitos, que também passaram a ser apurados, entre eles, o de Hartung. Na campanha de 2014, o peemedebista recebeu R$ 800 mil da OAS por meio do Diretório Nacional do partido. O recurso entrou pelo Diretório Nacional do DEM, no dia 4 de agosto e foi repassado integralmente para a campanha de Hartung, quatro dias depois (08/08/14).
Ao jornal Gazeta On line, o advogado do governador Paulo Hartung, Rodrigo Rabelo afirmou que o peemedebista compareceu, sim, à sede da PF na qualidade de declarante para esclarecer que recebeu doação legal de campanha em 2014, pelo partido Democratas, que integrava a coligação de Paulo Hartung na disputa ao governo juntamente com o PMDB, PSDB, SD, PEN, Pros e PRT. Ele afirmou ainda que os recursos são públicos e suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. A doação da OAS aparece na planilha enviada pelo governador ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na eleição de 2014, candidatos na disputa no Espírito Santo receberam ao todo R$ 4,5 milhões de cinco empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato: OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão, UTC e Galvão Engenharia. Dessas doações, quem recebeu a maior quantia foi o governador Paulo Hartung. Aparecem em suas planilhas de contas de campanha R$ 1,53 milhão de duas empreiteiras sob suspeita, a OAS e a Odebrecht, sendo R$ 800 mil da primeira e R$ 730 mil, da segunda.
No início do ano, o ministro relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin remeteu a petição número 6.633/DF ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que fossem investigadas citações de nove governadores por ex-executivos da empreiteira Odebrecht.
Entre os governadores está Paulo Hartung, que teria recebido, segundo a delação de Benedicto Barbosa Júnior, o BJ, R$ 1,08 milhão da empresa para campanhas eleitorais de 2010 e 2012. O caso foi enviado ao STJ, porque é o órgão competente para investigar governadores.
À época, Hartung rebateu as denúncias afirmando que as acusações “Não param de pé” e só contribuíam para tumultuar as investigações e manchar a trajetória das pessoas de forma irresponsável.