A polêmica sobre a concessão do título de cidadão espírito-santense ao ex-presidente Lula, pela Assembleia Legislativa não se esgotou com o recuo da Mesa Diretora na sessão dessa terça-feira (21), que vetou a honraria ao petista. Embora o presidente da Casa Erick Musso (PMDB) tenha afirmado que houve um equívoco na publicação da resolução no Diário Oficial, a polêmica continuou na sessão desta quarta-feira (22).
A pressão de parte da opinião pública que repudiou a homenagem teria feito a Casa recuar. Isso porque a praxe na concessão dos títulos segue um trâmite bem simples. A partir do requerimento de um deputado, a Mesa assina e é publicada a Resolução. Mas o presidente afirmou que não assinou o polêmico pedido do deputado Nunes (PT). Musso afirmou que o pedido foi publicado à revelia. Disse ainda que abriria uma sindicância no Legislativo para saber quem autorizou a publicação.
Na sessão desta quarta-feira (22), o deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), presidindo a sessão, voltou a defender a imagem do Poder, reafirmando que não haverá concessão das honrarias a pré-candidatos a presidência para que não se contamine o Legislativo.
Ele foi à tribuna da Casa para ressaltar os atos da nova Mesa, como a inauguração do Procon do Legislativo, que pretende atuar como um facilitador para a população na busca de seus direitos. O presidente da Mesa, Erick Musso agradeceu a defesa do segundo secretário e reforçou o papel do Legislativo. Mas o mal-estar no plenário ainda se mantém desde a movimentação dessa terça.
Para aumentar a polêmica, foi lido no Expediente da sessão o Projeto de Lei nº 442/2017, do deputado Sergio Majeski (PSDB) que revoga as leis nº 8.697/2007, 8.682/2007 e 9.179/2009, que concedem, respectivamente, aos Srs. Aécio Neves da Cunha, Michel Miguel Elias Temer Lulia e Luiz Inácio Lula da Silva, o título de Cidadão Espírito-Santense.
Para o deputado, as homenagens a personalidades com denúncias de corrupção comprometem a imagem da Assembleia. Nessa terça, diversas manifestações pelas redes sociais criticavam a postura da Casa em homenagear o ex-presidente Lula. Na sessão de terça, vários deputados usaram os microfones de aparte para declarar que votariam contra a proposta, caso fossem consultados.
A impressão passada nos bastidores foi de que o ato não considerou a conjuntura política e o fato de Lula já ter sido homenageado com o título em 2009, aumentando a polêmica sobre o assunto.
