Uma situação inusitada marcou a sessão desta terça-feira (29) na Assembleia Legislativa. A votação de um projeto polêmico, oriundo do governo, levou os deputados a discussões acaloradas e e um placar curioso: empate. Com isso, a matéria volta na sessão desta quarta-feira (30) e se o placar persistir, o presidente Theodorico Ferraço (DEM) é quem decide.
O projeto em questão é o que revoga a Lei nº 8.854/2008, que dispõe sobre a proibição do uso de telefone celular nas salas de aula dos estabelecimentos da rede estadual de ensino. A justificativa do governo é de que a liberação permitirá que os alunos possam acessar a internet e ampliar os conhecimentos sobre o conteúdo estudado.
O tema, porém, é controverso. Com problemas de toda a ordem nas unidades de ensino, a desvalorização dos professores e a aglomeração de alunos em sala de aula, a comunidade escolar não estaria favorável à matéria. A posição defendida pelo deputado Sérgio Majeski (PSDB) é de que o celular atrapalha o ensino.
Alguns deputados tentaram contrapor a defesa, afirmando que a matéria do governo favoreceria as consultas e que a proibição seria discriminação com estudantes da escola pública, mas boa parte do plenário preferiu não entrar nesse jogo e a matéria acabou dividindo a base do governo.
Os deputados estaduais estariam assumindo uma situação de desgaste com pais e professores ao aprovar a matéria e apenas os governistas mais inflamados se dispuseram a defender a matéria.
A impressão no meio escolar é que sem conseguir dar respostas aos problemas estruturais das escolas que destoam do projeto de vitrine do governo, o Escola Viva, o secretário de Educação Haroldo Rocha estaria investindo em propostas que visam a ganhar o apoio dos estudantes, evitando movimentações de cobrança por um tratamento igualitário.
Recentemente, o governo liberou o Wi-Fi nas escolas públicas como uma forma de tentar ganhar a confiança dos adolescentes. A liberação dos celulares dentro da sala de aula seria uma forma de complementação dessa ação.