Após a repercussão da publicação da relação dos motoristas com habilitação cassada ou suspensa no Espírito Santo, começam a surgir os primeiros equívocos na divulgação da lista publicada na última sexta-feira (9) pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES), sobretudo em relação aos nomes de agentes públicos. O deputado federal reeleito Jorge Silva (Pros) desmentiu a informação divulgada na mídia local de que estaria impedido de dirigir. Na verdade, o parlamentar esclareceu que a sanção está relacionada a um homônimo, que é lavrador e mora no município de Rio Novo do Sul.
A reportagem de Século Diário recebeu o extrato do cadastro do lavrado no sistema do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES), responsável pela divulgação da lista. Consta no documento que o lavrador reside no município da região sul capixaba, cuja escolaridade é de ensino fundamental (1º grau) incompleto. Já o parlamentar é médico e reside no município de São Mateus, na região norte do Estado.
Mesmo com o equivoco em torno de seu nome, o parlamentar garantiu que é favorável a divulgação da relação dos motoristas em situação irregular. No entanto, Jorge Silva fez questão de esclarecer que não se trata do mesmo condutor citado nas reportagens. Essa reação acabou sendo diferente de outros agentes políticos citados nas mesmas matérias jornalísticas. O deputado estadual eleito Sérgio Majeski (PSDB) criticou a atitude do delegado Fabiano Contarato, que assumiu a direção do Detran-ES na última semana e foi o principal motivador da divulgação dos motoristas “fichas sujas”.
Em postagem no Facebook, o tucano afirmou que nunca foi notificado pelo órgão sobre infrações cometidas ou problemas com a sua carteira de motorista. Segundo ele, uma consulta feita ao Detran-ES teria revelado que as supostas pendências seriam de 2011, porém, o futuro parlamentar não teve problemas em renovar o documento em 2013. “Sou árduo defensor do cumprimento das leis e da eficiência e eficácia das instituições, mas não se resolve um problema fazendo pirotecnia, com o objetivo de atrair holofotes para satisfazer a objetivos pessoais que nada tem a ver com a redução dos crimes no trânsito”, afirmou Sérgio Majeski.
O assunto é alvo de polêmica na classe política e na sociedade, que acompanha a trajetória do delegado que defende o maior rigor na aplicação das leis contra os motoristas infratores. No mundo político, Contarato já sofre resistência de setores que não concordam com o seu estilo de atuação. Entre a população, o nome de Contarato é alvo de críticas e elogios, seja pelo excesso em algumas declarações, como a afirmação de que a solução para o problema do trânsito seria amedrontando os motoristas, ou pelo rigor no cumprimento da legislação.
Nesta terça-feira (13) o Detran-ES publicou no Diário Oficial o nome de mais 5.182 condutores que tiveram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) cancelada ou suspensa, ou perderam a permissão para dirigir, no caso de novos condutores. Na última sexta-feira (9), o órgão já havia disponibilizado a relação de todos os motoristas nesta condição para consulta pública no site do departamento na internet.
Estes condutores não estão aptos a dirigir veículos por terem cometido graves infrações de trânsito e devem devolver a carteira de motorista em uma unidade do Detran-ES. Os motoristas que tiveram a CNH suspensa devem realizar o curso de reciclagem após o período de suspensão previsto, para reaverem o documento. Já aqueles que tiveram a carteira cassada, só podem solicitar nova carteira após dois anos e realizar todo o processo de aulas e provas novamente. Os permissionários que tiveram a carteira cancelada precisam abrir novo processo de habilitação para obter a CNH.
No início desta de semana, o delegado Fabiano Contarato já anunciou à imprensa local que vai exonerar todos os subordinados que estiveram na relação e vai recomendar ao governo a saída de todos os comissionados que estão nesta situação.