Segunda, 29 Abril 2024

Magno Malta passa a ser o grande risco da unanimidade

Magno Malta passa a ser o grande risco da unanimidade

Nerter Samora e Renata Oliveira 



Depois de contornar a possibilidade de seu antecessor tentar retomar o governo em 2014, o governador Renato Casagrande agora volta sua artilharia para um palanque ainda mais arriscado. Papo de Repórter analisa a ameaça à unanimidade de Casagrande caso Magno Malta realmente dispute o governo.





Renata – Parece que não tem jeito, em 2014, o senador Magno Malta (PR) vem mesmo para a disputa do governo do Estado contra o palanque do governador Renato Casagrande. Se o governador não conseguir contornar essa situação, vai ter problemas. Malta tem um discurso fundamentalista, conservador e contrário ao avanço das conquistas das minorias no Brasil, mas encontra eco no eleitorado conservador capixaba, tem retórica que agrada seu eleitor e pode dar muito, muito trabalho na eleição do próximo ano.



Nerter – Casagrande passou boa parte do primeiro semestre tentando acomodar sua base política e, pelo jeito, conseguiu delimitar o espaço do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) em seu palanque. Hartung, que virou alvo de várias denúncias de improbidade administrativa e vem tentando administrar os escândalos envolvendo seu governo, não tem mais condições de disputar o governo, mas precisa de um mandato, até para garantir a imunidade, se as coisas apertarem para o lado dele na Justiça. Casagrande reservou para seu antecessor a vaga de candidato ao Senado, mas o problema não é só Hartung, não é?



Renata – Não é, mesmo. Casagrande está, de certa forma, provando do próprio veneno. Em 2009, em um programete de 30 segundos, do PSB, criou um discurso de divergência do governo passado que transformou o então senador Renato Casagrande em pré-candidato com chances ao governo. O discurso foi da divisão do bolo com a população, uma crítica incutida na fala sobre o projeto desenvolvimentista, com pouco espaço para as políticas públicas, que povoou o governo Paulo Hartung. Mesmo quando estava isolado, o socialista era um risco à eleição do sucessor de Paulo Hartung, até então Ricardo Ferraço (PMDB). No início do ano, o senador Magno Malta repetiu a fórmula. Foram necessários apenas alguns segundos no programa eleitoral do PR, para que ele apresentasse ao público o viés que vai demarcar no processo eleitoral: a segurança.



Nerter – E agora, pelo jeito, Casagrande se deu conta do perigo que será enfrentar o senador em uma disputa política. Apesar de o PR fazer parte da base do governador, o senador não precisa do sistema de unanimidade para sobreviver politicamente. As costuras políticas, evidentemente, são importantes para garantir tempo de TV, mas no palanque Malta tem um discurso que supera a falta de espaço e cai na graça do eleitorado. Economicamente, o senador não precisa do esquema criado por Hartung e que inclui as empresas do ES em Ação, as entidades, as instituições públicas e a classe política. Também não tem como ser atingido pelo discurso maniqueísta de Hartung, que não vai também atacar o fundamentalismo de Malta, já que isso afastaria o eleitor.



Renata – Por isso, Hartung está fora da corrida ao governo. Ele é o alvo de denúncias de improbidade administrativa, Malta, não. Tentar requentar a ideia das ambulâncias não vai colar, e Malta ficaria muito confortável no palanque de oposição e em posição de ataque contra o ex-governador. Casagrande não tem problemas na Justiça. Mas está ao lado de Hartung no palanque e pode sair respingado das broncas de seu aliado. Mas também não tem como se afastar dele. Embora tenha entrado no palanque de sucessão de Hartung, chutando a porta, ele foi eleito para o senado em 2006, no palanque hartunguete.



Nerter – Além dessa questão política, o discurso de segurança é um ponto frágil do governo Casagrande, aliás, o ponto mais frágil. O governador não tem conseguido dar a resposta que queria na área da Segurança e Malta tem o discurso que o eleitorado quer ouvir sobre o assunto. Daí a tentativa dos aliados do Palácio Anchieta em tentar desestimular a candidatura do senador ao governo. Casagrande não tem como manter a unanimidade, e Hartung não consegue atingir Malta nas articulações de gabinete, então, temos um problema para a reeleição de Casagrande.



Renata – Dizem que Casagrande, seguindo os passos da presidente Dilma Rousseff, andou sondando o PR, oferecendo espaço no governo para o partido em troca da aliança, mas não vai ser tão simples manter o senador no grupo. A estratégia agora é tentar colar no senador a pecha de “mão grande” nos partidos. Mas tem uma coisa que não bate. Logo o PTN e o PMN? Não seria melhor cobrar do amigo Sérgio Vidigal o apoio do PDT?



Nerter – Essas tentativas de diminuir o capital político do senador mostram que a candidatura dele está preocupando o grupo do governador Renato Casagrande, que sabe muito bem o risco que será enfrentar Magno Malta na eleição do próximo ano. Para evitar isso, o governador tem pouco tempo para criar uma condição irreversível de favoritismo. Teria que aumentar sua popularidade e contornar crises. O problema é que seus aliados começam a trazer mais problemas do que vantagens e está ficando difícil apagar os constantes incêndios.



Renata – A melhor parte disso é que começa a se criar a expectativa de finalmente haver uma disputa eleitoral para o governo do Estado, sem acordos prévios de gabinete, como aconteceu na última década no Espírito Santo. Agora, é torcer para que a democracia seja mantida.  



Nerter – Mas o palanque de Magno não é o único problema para Casagrande, aliás, problemas não faltam para que o governador consiga seu segundo mandato.

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