A movimentação do ex-presidente Lula em relação ao processo eleitoral deste ano não é segredo para o mercado político no que se refere ao Espírito Santo. O ex-presidente trabalha por um palanque para a presidente Dilma Rousseff no Estado, e neste sentido, o projeto de neutralidade oferecido pelo governador Renato Casagrande não atende ao interesse nacional. Além disso, há o claro objetivo de isolar a candidatura do presidenciável do PSB, o governador de Pernambuco Eduardo Campos.
Lula nunca escondeu a predileção por um palanque alternativo composto por PT e PMDB. Daí a estratégia de uma candidatura ao governo puxada pelo ex-governador Paulo Hartung (PMDB), tendo um candidato do PT ao Senado, para atender a outro interesse da nacional, que é aumentar a bancada para garantir a governabilidade da presidente em um eventual segundo mandato.
Mas a composição deste palanque esbarra nos interesses regionais e a reação tanto no PT quanto no PMDB são muito fortes a qualquer movimentação da nacional que imponha a manobra. Os militantes querem a manutenção do acordo alinhavado pelo presidente do PT nacional, Rui Falcão, em sua passagem pelo Estado.
A movimentação de Lula não se choca com a decisão da nacional de impor a candidatura de Dilma nos Estados como prioridade, tampouco com a tendência de fortalecer candidaturas ao Senado nos estados de menor densidade eleitoral, como é o caso do Espírito Santo. No entanto, desagrada a militância dos dois partidos.
O PT resiste e pressiona a cúpula no Estado pela permanência no palanque de Casagrande. No PMDB, a bancada na Assembleia também insiste na aliança com o PSB. Diante da constatação de que uma vez eleito, Paulo Hartung é um governador para oito anos, enquanto Casagrande só tem mais quatro, o senador Ricardo Ferraço (PMDB), que teve a candidatura rechaçada pelo PT e pelo PMDB, estaria se aproximando do governador contra a aliança PT e PMDB também.
Renato Casagrande, por sua vez, continua reservando o espaço ao Senado para uma discussão de segunda hora. Fortalecido como maior liderança do Estado e com o poder da máquina, tenta recompor a unanimidade que sustentou seu governo até aqui.