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Mapa de votação do ES mostra disputa equilibrada entre Dilma e Aécio

Os municípios do norte e nordeste do Estado elegeram Dilma Rousseff (PT) e os das regiões sul e serrana optaram por Aécio Neves (PSDB). É o que mostra a divisão de votos no Estado no segundo turno das eleições presidenciais. Embora o tucano tenha vencido a eleição no Espírito Santo, o mapa eleitoral mostrou uma disputa bastante equilibrada. Aécio venceu em 40 municípios e Dilma em 38. A diferença entre os dois foi de 152 mil votos. 
 
O mapa revela mais do que o equilíbrio dos números. É possível ver como foi a movimentação política no segundo turno dos eleitores do Estado por meio da divisão entre vermelho e azul entre as regiões do Estado. Mesmo com a campanha promovida pelas lideranças capixabas, que tentavam convencer o eleitor que a presidente não fez investimentos e “isolou o Estado”, os moradores do norte e nordeste capixaba não entenderam assim. 
 
Os eleitores dessas regiões, sobretudo dos municípios que tinham Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo, se sentiram favorecidos com os programas sociais do governo federal e confirmaram o voto para Dilma. Assim como alguns municípios do sul do Estado, mais próximos à divisa com o Rio de Janeiro, também elegeram Dilma. Esses municípios sofreram a influência do estado fluminense, que deu ampla margem para a petista. 
 
Já na área de influência de Theodorico Ferraço (DEM), no sul e região do Caparaó, o voto de Aécio Neves se consolidou, assim como a região serrana do Estado e o litoral. A explicação vem do discurso do desenvolvimento que passa por essas regiões. Desenvolvimento que no Estado é entendido como atração de grandes empreendimentos para atividades fixadas na região litorânea. As cidades-polo, com exceção de São Mateus, também votaram no tucano. Essas cidades representam a concentração da renda nas regiões. 
 
Em relação à Grande Vitória, o padrão se repete, se analisarmos o mapa de votação dos municípios e bairros. Vitória e Vila Velha tiveram uma forte influência da classe política ligada a Aécio, sobretudo com o coordenador da campanha do tucano no Estado, o senador Ricardo Ferraço (PMDB), o candidato ao governo, Paulo Hartung, o governador Renato Casagrande e demais lideranças dos dois palanques.
 
Esses atores políticos concentraram suas atividades nesses municípios, onde também se encontram os eleitores de maior renda. A situação é diferente em Serra, Cariacica e Viana, onde estão situados bolsões de pobreza. Neste sentido, observa-se a tendência do eleitorado mais pobre em votar em Dilma e do eleitorado mais rico votar em Aécio Neves, o que fica evidente também na comparação bairro a bairro. 
 
Em cada município da Grande Vitória essa divisão de classe se observa com a votação em favor de Aécio nos bairros mais ricos e em Dilma nos bairros mais pobres. Neste sentido, chama a atenção para o desempenho da presidente no Estado. 
 
Embora a classe política estivesse quase toda no palanque de Aécio e as lideranças do PT terem se afastado do processo em um primeiro momento, a militância petista foi para a rua e contou com chamariz da campanha o próprio governo de Dilma, que ganhou a identificação de boa parte da população sem a necessidade das movimentações de lideranças políticas. 
 
Outro dado que chama a atenção no mapa de votação é que Dilma conseguiu ganhar o eleitor que Renato Casagrande (PSB) em sua campanha à reeleição não conseguiu. Ele assumiu o governo com a proposta de descentralizar a economia, levando para o interior o desenvolvimento do litoral. O governador, porém, não teve no interior o desempenho que esperava e esse foi um dos motivos de sua derrota. Dilma conseguiu o contrário, ganhando, por meio dos projetos sociais, o voto do eleitor do interior do Estado. Dilma emplacou a marca do social entre os mais pobres, estratégia que o socialista sempre almejou, mas não alcançou. 
 

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