Sexta, 26 Abril 2024

​MPES requer apuração de ofensa racial a candidata a vice-prefeita em Cariacica

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O Ministério Público Eleitoral (MPES) requisitou à Delegacia da Mulher de Cariacica (Deam) a instauração de inquérito policial para apurar ofensas de cunho racial feitas à candidata a vice-prefeita do município, a advogada Edilamara Rangel, da Rede, em comício realizado nesse sábado (7), em rua próxima à Avenida Expedito Garcia, em Campo Grande, uma das mais movimentadas do município. Ela compõe chapa com o ex-deputado estadual Marcos Bruno, do mesmo partido.

Diante da constatação de possível prática criminosa, o MPES pede a instauração de investigação para a adoção das medidas cabíveis e prosseguimento das apurações e, após a conclusão, que o desfecho seja encaminhado para a Promotoria de Justiça Criminal de Cariacica. O órgão ministerial também solicita informação da medida adotada e do número do inquérito.

Edilamara Rangel registrou boletim de ocorrência (B.O) na Delegacia da Mulher nessa segunda-feira (9). Ela relata que estava acompanhada de uma candidata a vereadora em campanha, quando receberam xingamentos de um homem que estava sentado na escada do carro de som e impedia que as duas subissem para fazer discursos de campanha.

"Enquanto discursava em cima de um carro de som, na Avenida Expedito Garcia, Edilamara e outras advogadas foram chamadas de 'crioulas', questionadas sobre 'o que faziam ali' e que 'deveriam ir lavar uma trouxa de roupas'', apontou a Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica do Estado do Espírito Santo (ABMCJ-ES), que publicou uma nota de repúdio ao acontecimento também nessa segunda.

Um vídeo registrou a resposta de Edilmara ao microfone: "A democracia não é feita assim, não. A gente sabe o que precisa. A gente não vai abaixar cabeça, a gente vai seguir firme, a gente não tem medo (...) Ninguém vai nos intimidar, não!".

Edilamara é formada em Direito e atua como advogada há 15 anos. Ela afirma que não foi o primeiro caso registrado em sua campanha deste ano. Dias atrás, como aponta, uma pessoa perguntou quanto ela estava recebendo para entregar o material, como se uma pessoa negra não pudesse ser candidata.

"É um absurdo atos tão covardes como esse ainda acontecerem na nossa sociedade. Já ficou mais do que provado que a competência, honestidade e demais qualidades de uma pessoa não possuem relação nenhuma com a cor da pele! Esperamos que os responsáveis pelas ofensas sofridas pela candidata e demais mulheres sejam punidos o quanto antes. A sociedade não tolera mais esse tipo de comportamento", protestou Catarina Cecin Gazele, presidente da ABMCJ-ES, que se colocou à disposição para auxiliar nas medidas legais a serem adotadas neste caso.

Diante de outros os casos semelhantes registrados na campanha deste ano, o Ministério Público do Estado também emitiu nota em defesa do regime democrático e do livre exercício dos direitos políticos, em que reforça "o repúdio a atos tão graves e se coloca à disposição para ajudar a garantir o livre exercício da cidadania, tanto no campo eleitoral quanto no campo criminal". Denúncias, como informa a nota, podem ser feitas via Ouvidoria do MPES, pelo site https://ouvidoria.mpes.mp.br e pelo número 127 (de segunda a sexta-feira, das 12h às 18 horas), além do aplicativo MPES Cidadão.

Em Vitória, o candidato a vereador de Vitória Jocelino Júnior (PT) teve seu evento online de lançamento de candidatura invadido por racistas que proferiram uma série de ofensas. No bairro de Jardim Camburi, em Vitória, os candidatos a prefeito Gilbertinho Campos (Psol) e a vereador André Moreira (Psol) e apoiadores foram vítimas de ofensas e entraram em confronto verbal com militantes bolsonaristas durante ação de campanha. Em Baixo Guandu, a candidata a vice-prefeita de Eloy (PDT), Lorrany Rodrigues (PCdoB), sofreu ataques do ex-prefeito e novamente candidato ao executivo municipal, Lastênio Cardoso (PSDB), o que gerou inclusive um protesto das mulheres do município, no dia 21 de outubro.

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