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Mulheres buscam protagonismo na política capixaba

Apesar da lei que prevê a cada partido ou coligação ter no mínimo 30% de candidatos do sexo feminino nas eleições para os cargos de deputado federal, estadual e de vereador, as mulheres ainda seguem na luta para serem reconhecidas e ocuparem cargos políticos no Espírito Santo.
 
Hoje representantes da maioria do eleitorado brasileiro, com 52% dos votantes, as mulheres ainda são minoria no que se refere ao número de candidatos nas eleições no País. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas últimas eleições municipais, em 2016, apenas 31,89% dos brasileiros que se candidataram eram mulheres.
 
Em uma sociedade caracterizada por uma cultura patriarcal e machista, em que os homens são na maioria das vezes colocados como superiores, as mulheres cada vez mais têm buscado a representatividade por uma sociedade justa e igualitária. Na ocupação de cargos no poder público não é diferente, a batalha continua, com o objetivo de mostrar que a atuação pode ser muito bem representada.
 
“A construção dessa ideia de igualdade é lenta, a sociedade se baseia muito no poder do homem, e que os espaços públicos sempre foram destinados a eles. A desconstrução de uma construção milenar não é feita com a criação de algumas leis. O processo é longo, mas é importante que já tenha sido iniciado”, afirmou a pré-candidata a deputada estadual pelo Psol, Brice Bragato, que já ocupou o cargo pelo PT de 2003 à 2007.

Ela tem como um de seus objetivos o combate a todas as formas de opressão, como a vivida pelas mulheres do Espírito Santo, estado com um dos maiores índices de feminicídio do Brasil. “Historicamente, as mulheres foram confinadas no espaço do lar para procriar, criar e cuidar de filhos. Sem essa compreensão histórica, a tendência é achar que as mulheres não tem interesse ou competência para ocupar os espaços públicos”, pontuou.

 
Brice acredita que a criação das cotas é uma ação fundamental em favor da participação das mulheres na política, obrigando, assim, os partidos a procurarem e filiarem mulheres como potenciais candidatas. Esse comportamento, segundo ela, desenvolve um potencial para uma inserção mais qualificada e mais engajada na política. “Os partidos estão se adequando aos poucos, mas ainda há necessidade de se criar espaços de formação política feminista dentro das próprias legendas”. 
 
Compartilha da mesma opinião a jornalista e novata em eleição, Bruna Mesquita Gati, candidata a deputada estadual também pelo Psol. Para ela, a baixa expressão das mulheres nos espaços de representação política são resultados das relações sociais vivenciadas referente à participação e ao papel que homens e mulheres cumprem na sociedade. “As mulheres podem, sim, ocupar esses lugares e, assim como os homens, desempenhar um papel muito importante, não só como pessoa pública, mas como porta-voz de todo um movimento feminino que busca o seu espaço perante a sociedade”, completou.
 
Nas eleições de 2016, dos 16 mil candidatos que não receberam nenhum voto, 14.417 eram mulheres. A criação da cota fez com que muitos partidos apresentassem as chamadas “candidatas laranjas”, com o simples intuito de conseguir alcançar a meta dos 30%.

As cotas reafirmam a necessidade de que as mulheres estejam, enquanto grupo social, ocupando os espaço públicos. No entanto, a medida não garante condições igualitárias para que as mulheres concorram e disputem as eleições, é preciso que mais ações sejam feitas para que isso aconteça.

 
Bruna defende que, para conseguir garantir de alguma maneira o fim da opressão as mulheres, é preciso desconstruir os privilégios e ter a consciência de que vivemos em uma sociedade machista, e com isso garantir dentro dos próprios partidos, condições para que as mulheres possam disputar e ocupar esses espaços. “É fundamental que a pauta das mulheres seja assumida como uma pauta de todos. Não podemos deixar que isso seja algo segmentado ou menor”, afirmou Bruna.

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