Segunda, 06 Mai 2024

???Não quero nem pensar na possibilidade de Renato não ganhar esta eleição'

???Não quero nem pensar na possibilidade de Renato não ganhar esta eleição'
Rogério Medeiros e Renata Oliveira
Fotos: Gustavo Louzada/Porã
 
No mês passado, o vice-prefeito de Vitória Waguinho Ito (PPS) se desincompatibilizou do cargo de secretário de Assistência Social da prefeitura, atendendo à exigência da legislação eleitoral. Ele, assim como quase todos os vice-prefeitos da Grande Vitória, vai disputar a eleição deste ano. 
 
Waguinho acredita que na Assembleia poderá desempenhar um papel melhor na área que já gostava. Ele diz que já aprendeu muito neste ano e meio de prefeitura. E é com a bandeira da assistência social que vai disputar uma das 30 cadeiras na Assembleia Legislativa. 
 
Locutor de rádios populares e evangélico, vai contar com essa experiência como diferencial para a eleição. Nesta entrevista a Século Diário, ele fala sobre a trajetória no rádio, o início da vida política, no PR, e a vitória na primeira eleição em que participou, a de 2012. 
 
Século Diário – Quando foi escolhido para vice na chapa de Luciano Rezende, não havia muita disputa, porque não se acreditava que a campanha dele seria a vitoriosa. Naquele momento, o senhor era um desconhecido da classe política. Conte um pouco de sua trajetória antes de chegar à prefeitura.
 
Waguinho Ito – Eu tenho uma história no rádio de mais de 20 anos, que começa na Rádio Tropical, em 1988, através do falecido Antário Filho. Era meu sonho de infância ser radialista. Sempre acompanhei muito os radialistas da época. Jairo Maia, Milton Gomes eram minhas referências do rádio. Minha meta, quando adolescente, era trabalhar em rádio, somente isso. Não pensei em outras coisas. 



 
– Na Tropical você tinha um programa próprio...
 
–  Sim, eu fazia o programa no horário anterior ao de Antário Filho, se chamava “Só sucessos”, era líder de audiência. Na verdade, Antário era diretor da rádio, quando ele decidiu ser locutor, fez estágio dentro do meu horário, fui eu quem ensinei ele a operar a rádio. Hoje é bem mais fácil, mas na época era muita coisa: cartucho, fita, etc. Ele teve uma dificuldade muito grande para aprender, tanto que eu fui operador dele durante muito tempo, até ele pegar a manha. Tive a oportunidade de fazer todos os programas da rádio, inclusive, o programa Antário Filho, quando ele se afastava ou por férias, ou por disputa eleitoral, mandato. 
 
– Ficou lá quanto tempo?
 
–  16 anos. 
 
– E dela foi para onde?
 
– Aí fui convidado para ajudar a montar a Rádio Cor da Vida. Não existia, era um projeto. 
 
– É a Rádio do senador Magno Malta?
 
–  Sim. Do Magno. Fica no Polo da Glória. Fui convidado em 2005, estava na Tropical, estava bem. Foi um desafio. Ele me convidou para ser o diretor da emissora e perguntou o que eu sabia fazer em rádio. Como sempre fui curioso, aprendi a fazer tudo em rádio, desde a montagem até a parte final. Era produtor musical, técnico, jornalista, sem ter o título, quem fazia as notas da rádio era eu, na época da datilografia. O horóscopo da Rádio Tropical quem fazia era eu. Eu chegava de manhã, sentava naquela Olivetti e pensava: o que vai ser bom para quem é de câncer e inventava. Coisa horrível de falar, não é? (risos). 
 
– Acabou de confessar uma coisa que todo mundo já sabe, mas ninguém admite. Mas ficou quantos anos na Cor da Vida?
 
–  Fiquei cinco anos. Montei toda a rádio, dei nome a todos os programas que têm lá hoje, exceto um que foi o próprio Magno que deu: “Eles vieram do inferno”. Tirando esse, o restante fui eu. Fiz a programação, a contratação de locutores, a grade artística, a parte comercial. Quando a rádio surgiu em 2005, era uma frequência de Guarpari, 96.5, pegava muito mal. Aí saiu essa concessão, passou a ser 96,9, contratei o técnico que é o mesmo até hoje, o Roni, da Rádio Tropical, colocamos a torre na Fonte Grande. Meu programa era das nove ao meio-dia, consegui o primeiro lugar geral no Ibope. O único programa da emissora a ser líder de audiência era o meu. Fiquei lá sendo coordenador artístico, produtor executivo, locutor e operador e muitas vezes atendia o telefone. 
 
–  E como foi sua ida para a política?
 
– Eu tive experiência de trabalhar com o Antário Filho, que na época foi deputado estadual, mas nunca me envolvi na política. Apesar de que trabalhando em rádio popular, querendo ou não, você passa a ser um representante do povo. E conversando com o Vandinho Leite [deputado estadual do PSB], que é meu amigo muito antes de ser deputado, vereador, eu comentava com ele que as pessoas faziam cobranças no programa. 
 
–  Qual o nome do programa? 
 
– Alegria, alegria! E o Vandinho me disse: “por que você não se filia a um partido e se candidata?”. A rádio popular é a voz do povo, as pessoas fazem a reclamação e você é o porta-voz, mas no rádio você fica muito limitado, porque você passa a reclamação, mas se o gestor que está do outro lado não quiser fazer, ele não faz. Então, a gente tem de tentar se envolver de outra maneira. 
 
– E aí foi para o PR? 
 
– Fui para o PR a convite do Vandinho, que era o vice-presidente para ser candidato a vereador e estava fazendo um trabalho com as comunidades, com as igrejas para vir candidato a vereador. O trabalho era tão forte que o prefeito Luciano Rezende diz que se não tivesse composto como vice-prefeito seria um dos vereadores mais votados de Vitória, usando também o prestígio que tínhamos no rádio. Com esses 20 e tantos anos de rádio, conquistamos uma credibilidade. Mas aí aconteceu um imprevisto dentro do PR. Na ocasião o presidente do PR de Vitória era o deputado José Esmeraldo. Acabou que o PR não fez coligação com ninguém e ficou sem chapa para competir. Se quisesse ser candidato, teria que ser candidato sozinho. Fiquei decepcionado, falei com Vandinho e ele disse que iria tentar encontrar uma alternativa. Foi quando ele sugeriu que eu disputasse como vice, estava fazendo um trabalho interessante, o nome é conhecido por causa do rádio. Até brinquei, dizendo que queria ser vereador e ele disse que não teria jeito, porque teria que conseguir sozinho de 12 a 15 mil votos. Ele até brincou, dizendo que era bom porque eu ganharia experiência para a próxima eleição e eu aceitei.
 
– Naquele momento, não havia expectativas de que Luciano ganhasse a eleição. 
 
– Por mais que não tenha possibilidades você sempre tem uma esperança. Você entra no jogo para ganhar, mesmo sabendo que o outro time é mais forte. Mas, começamos a trabalhar no nosso segmento.
 
– Você trabalhou muito no segmento evangélico...
 
– Sim, eu sou evangélico, trabalhava em uma rádio evangélica, liderava mais de mil jovens, um dos maiores retiros de jovens do Estado fui eu que formei. Então, tinha essa facilidade. 



 
– E como atuou na campanha municipal?
 
– Caminhei com ele nas ruas, apresentei os líderes e pastores de igrejas, devido a esse tempo na Rádio Tropical, conheci muita liderança comunitária, apresentei todos para ele, as pessoas acreditaram no caminho. 
 
– Estava preparado para perder e ganhou?
 
– Estava preparado para ganhar. 
 
– E como foi ganhar?
 
– Foi maravilhoso. Lembro que no sábado, antes da eleição, aconteceu uma coisa muito estranha, saiu pesquisa colocando o outro candidato [Luiz Paulo Vellozo Lucas, PSDB] na frente [de Luciano Rezende, PPS]. E aquilo deixou a gente assustado. Em um determinado momento da campanha, eu pedi para as minhas filhas não assistirem ao programa. Mas não contavam com uma coisa. Os evangélicos em Vitória estão na faixa de 33% e nós temos o contato com esse povo e quando eles abraçaram a campanha, tive a certeza que sairíamos vitoriosos. Isso aconteceu logo no primeiro turno. Mas foi muito trabalho, gastamos muita sola de sapato, visitamos muita gente, muitas igrejas, muitas comunidades. 
 
– E como foi sua experiência à frente da Secretaria de Assistência Social?
 
– Eu sempre cito o rádio porque sempre foi minha maior experiência. Eu digo que fui um assistente social dentro do rádio, justamente por trabalhar em rádio popular, como eu disse no começo, as pessoas procuram seu programa para você tentar resolver os problemas deles. No começo, realmente, as pessoas ligadas à secretaria, ao setor, tiveram rejeição ao meu nome. Depois de um ano e cinco meses, deixamos a Secretaria e você pode observar na imprensa e nas redes sociais, as pessoas não criticam mais a Secretaria porque tudo começou a funcionar bem. Fizemos um trabalho muito bom. Pegamos equipamentos sucateados, alguns fechados por falta de reforma, reformamos mais de 60 equipamentos, estruturamos. Temos um projeto que se chama Circo do Cajun, em Nova Palestina, que atende crianças e adolescentes e que estava parado e estávamos prestes a perder a verba da Petrobras, que patrocina o projeto. Conversamos com os empreiteiros, colocamos eles no projeto e conseguimos terminar uma obra que estava parada há dois anos em três meses.
 
–  E como foi a relação com o corpo técnico da Secretaria?
 
– No primeiro dia que assumi já marquei uma reunião com todo mundo e disse quais eram as minhas intenções ali. Diferentemente de muitas pessoas que assumem pastas, não levei as pessoas, não troquei os servidores. Valorizei cada funcionário, cada técnico. Disse que não estava ali para negociar cargo político, identifiquei todos os funcionários por setor, tanto que minhas subsecretárias são pessoas que já estavam na Secretaria. Usei todo mundo que estava na Secretaria e ganhei a confiança de todos. 
 
– A prefeitura sempre destaca as atuações nesta área, não é?
 
– Sim. Temos a questão da redução dos moradores de rua e volta e meia havia uma crise. Reformamos o equipamento, colocamos pessoas mais qualificadas. O abrigo na Cidade Alta, que muita gente utiliza e só tinham dois banheiros, era uma reivindicação dos moradores, construímos mais quatro. Fizemos uma gestão significativa. Me sinto orgulhoso pelo trabalho realizado ali, acho que fiz um bom trabalho. 



 
–  A chuva do ano passado foi um desafio muito grande para a prefeitura e que recaiu sobre a Secretaria também.
 
– A Secretaria atuou naquele momento com agilidade, estava na defesa civil e montamos aquele posto na Praça do Papa, que recebeu muitos donativos , que foram entregues às famílias. O que não foi entregue foi roupa rasgada e doações que não estavam em condições de doação, colocamos em um deposito, que infelizmente era próximo ao lixão e deu aquela polêmica toda. Mas o trabalho da Secretaria naquele momento foi adequado e teve uma resposta rápida para a população. 
 
– E como se deu sua migração do PR para o PPS?

 
– Tudo aconteceu na campanha. Luciano é a referência política que eu nunca tive, apesar de trabalhar sempre com políticos, eu nunca tive essa referência porque nunca fui político. Eu era radialista. Mas a partir do momento que comecei a caminhar com Luciano e ver o homem de caráter que ele é, de compromisso, de palavra, isso pesa muito por causa de meus princípios e valores. Na época da campanha, ele me convidou para ingressar no PPS pelos projetos que temos.


 
– Mas o vice-prefeito teve problemas no PR também, não foi?
 
– Eu era presidente do PR de Vitória e fui destituído. Vandinho e Glauber já estavam posicionados para ir para o PSB e me fizeram o convite também. 
 
– Mas o Magno Malta o destituiu da presidência do PR...
 
– Nós tivemos uma divergência política. Ele tinha as posições dele sobre a minha candidatura, queria que agíssemos de um jeito, mas a campanha era nossa e eu disse que o Luciano Rezende era o titular da campanha.
 
– Então seu entrevero com Malta não foi quando ele começou o movimento para construir candidatura ao governo, foi antes disso?
 
– Foi bem antes disso. Foi na campanha. Ele achava que deveríamos ter caminhado mais com ele, ouvido mais. Mas eu estava focado na campanha. Quando Luciano entra em uma campanha, ele já tem tudo determinado do princípio ao fim, já tem tudo certinho. E isso não deve ter agradado algumas pessoas, o fato de Luciano ser muito determinado. Ele fez um projeto e queria seguir o projeto. Eu concordo com isso. 
 
– Vocês ganham a eleição e o senhor sai do PR.
 
– Depois da campanha me desliguei primeiro da emissora, por causa dos horários, que eram incompatíveis com as atividades na prefeitura e depois do partido. Conversei com Vandinho que disse que havia a possibilidade de ir para outro partido e aí Luciano me convidou para que continuasse o projeto que tínhamos. Conversei com o grupo, com Ledir Porto, Glauber Coelho e o Vandinho e disse que para mim o melhor caminho seria o PPS por causa do prefeito, que é minha referência. Houve então um consenso no grupo, eles foram para o PSB e eu vim para o PPS e estou muito feliz ali.
 
– E o vice-prefeito se desincompatibilizou para disputar a eleição de deputado estadual?

 
– Sim, acho que posso fazer um trabalho melhor no Legislativo. O Executivo é muito limitado, muito burocrático. Muitas vezes você esbarra em questões que não cabem à prefeitura resolver e você gostaria de participar. Acho que no Legislativo você tem mais condições de ajudar. 
 
– E a campanha é casada com a do candidato a deputado federal, o vereador Fabrício Gandini?
 
– Casada com a do Gandini [PPS]. Sou partidário. 
– E como está a chapa do PPS para a disputa?
 
– No livro de candidaturas há mais de 30 pré-candidatos. Vai ter uma chapa consistente. E temos trabalhado nesse novo projeto. Vou levar para a Assembleia os projetos na área de ação social, que é a minha área. Passei a gostar da área também, são projetos votados para a família, principalmente. Há várias demandas a serem atendidas. Recebo muitas pessoas no meu gabinete, que se dizem carentes de representantes. Já fui visitado por várias categorias da Polícia Militar, advogados, motoristas, vários segmentos que sentem carência de representantes e estão me adotando. E como sou fiel às minhas alianças, quero tentar atender a todos. 
 
– Para este ano a expectativa é de uma eleição muito acirrada, muito dura também para a Assembleia, além dos deputados em disputa pela reeleição, há ex-prefeitos, lideranças fortalecidas pela conjuntura, que vão levar ao endurecimento da disputa. Esta será sua primeira eleição, efetivamente como candidato. Como vai enfrentar esse desafio?
 
– Para mim é uma novidade, mas como eu disse no início, quando entramos em uma eleição, entramos para ganhar. Eu não sou político, passei a ser conhecido, porque fui secretário, fui prefeito por três oportunidades, mas até então não era conhecido da classe política, os políticos não conheciam Waguinho, mas isso não quer dizer que eu não seja um candidato forte. Os políticos não me conhecem, mas a comunidade me conhece, a igreja me conhece. Eu não me importo com o que os políticos pensam de mim, eu me considero um candidato capaz de ganhar uma eleição. 
 
– Mas eleição proporcional, infelizmente, não depende só do desempenho do candidato e sim de uma complicada matemática, como estão as composições do PPS para esta eleição?
 
– Até então, não conversamos sobre isso. Eu acredito que o prefeito [que também é presidente estadual do PPS] vai buscar o melhor para a gente. 
 
– Se eleito, o prefeito ficará sem o vice, caso tenha de se afastar terá de recorrer ao Presidente da Câmara. Se o vice perder a eleição, isso será computado negativamente para o prefeito. Estamos no bojo de uma eleição estadual muito indefinida entre os dois candidatos ao governo. Luciano é aliado de Renato Casagrande, mas virou desafeto do ex-governador Paulo Hartung (PMDB), que pode vencer a eleição e criar problemas para o prefeito. Como vê esse movimento?
 
– Eu acredito muito na vitória de Renato Casagrande. Eu não pensei na possibilidade de o governador não ganhar. Temos caminhado pelo interior, nos fins de semana. O segmento evangélico vai fazer a diferença na eleição e acho que o candidato ideal para este segmento é Renato Casagrande. 
 
– Mas vamos avaliar a possibilidade de ele perder a eleição...
 
– Eu acredito na vitória do Renato, não quero nem pensar na possibilidade de Renato não ganhar esta eleição.

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