Sexta, 03 Mai 2024

'Não sou neoliberal a ponto de juntar dinheiro enquanto a população demanda serviços'

'Não sou neoliberal a ponto de juntar dinheiro enquanto a população demanda serviços'
Para um plenário lotado de aliados e autoridades e uma galeria ruidosa de servidores do Estado e do Poder Legislativo, o governador Renato Casagrande prestou contas do Exercício de 2013 na tarde desta segunda-feira (10) na Assembleia Legislativa. A segurança permeou boa parte das perguntas dos deputados estaduais e, consequentemente, o discurso do governador. Mas, apesar do tema áspero, o clima foi de tranquilidade.
 
 
A polêmica ficou reservada a um estudo divulgado pelo jornal A Gazeta nesse domingo (10). A reportagem que abordava o aumento dos gastos do Estado veio à tona logo no início da fase de perguntas dos deputados, mas de uma maneira positiva para o governador. 
 
O deputado Sandro Locutor (PPS) foi quem levantou a questão, afirmando que “pseudoeconomistas” haviam apresentado um estudo sobre o aumento do custeio da máquina do Estado. O deputado questionou o governador se esse gargalo fora produzido por passivos de “governos passados”.
 
Casagrande preferiu não mexer com os antecessores, sobretudo o ex-governador Paulo Hartung, mas afirmou que o aumento do custeio é “óbvio”, já que o governo tem investido em obras, concursos e melhora dos serviços prestados pelo Estado. “Primeiro me criticavam porque eu não gastava e agora me criticam porque estou gastando”, disse o governador. 
 
Mas, alertou Casagrande, este gasto está dentro dos limites da responsabilidade fiscal. Frisou ainda que o Tribunal de Contas tem o controle sobre os gastos. O assunto foi retomado pelo deputado Rodrigo Coelho (PT), que também adotou o tom da defesa. Disse que o aumento do custeio é típico de um governo provedor de serviço. O deputado disse querer uma agenda com o governador para debater a possibilidade de ampliação do rateio do ICMS com os municípios, para que também os gestores municipais possam aumentar sua capacidade de prestação de serviço à população. 
 
O embate mais duro veio com a intervenção do deputado Paulo Roberto (PMDB). Além de questionar o governo com a pesquisa divulgada recentemente pelo Ibope/CNI, que apontava a saúde como principal demanda da população capixaba, o deputado também falou sobre o aumento dos gastos públicos, voltando à reportagem de A Gazeta. Ele afirmou que já vinha alertando para o gargalo devido à dependência do setor produtivo do petróleo. A resposta do governador também foi dura. Ele firmou que avaliações negativas sempre irão acontecer e acontecem em todos os Estados e alfinetou, ao dizer que o legislativo também é mal avaliado. 

 
Paulo Roberto também afirmou que a nota A em excelência do governo do Estado se refere a um determinado período que extrapolava o governo Casagrande, ou seja, que também dividiria o sucesso da gestão o ex-governador Paulo Hartung (PMDB). Casagrande respondeu que foi mais fácil nos oito anos de Hartung, porque todo mundo estava ajudando a empurrar o Estadona mesma direção. "Eu só quero que nos meus quatro anos todos continuem a empurrar esse carro para que ele ganhe mais velocidade”.
 
O deputado também tocou no tema do aumento do custeio e até sugeriu o convite aos economistas que realizaram o estudo para que participassem de um debate sobre o tema na Assembleia. Casagrande que até então respondeu aos questionamentos sobre o tema com traquilidade, desta vez endureceu o discurso, dizendo que o debate pela imprensa é válido, mas que “quem é aliado tem de conversar com o governo e não pela imprensa”. E disparou:  “Eu não sou neoliberal a ponto de juntar dinheiro enquanto a população demanda serviços”, disse sob fortes aplausos.
 
O governador afirmou que está aberto ao debate, mas que não vai se deixar levar por factoides porque não tem tempo a perder."Esse debate não me interessa”.  
 
 
Mentira
 
Embora o clima de trnquilidade tenha prevalecido durante toda a prestação de contas do governador, houve protestos também. Do lado de fora da Assembleia, o Sindicato dos Servidores do Estado (Sindipúblicos) preferiu o tom irreverente, distribuindo mentiras (biscoito frito) a quem passava. 
 
Os servidores ocuparam a galeria da Assembleia com cartazes cobrando o reajuste do vale alimentação. Os servidores levaram cartazes com os dizeres “A casa é grande, mas o respeito é pequeno”. 
 
O Sindicato dos Servidores da Assembleia engrossou o time dos descontentes, mas o protesto foi bem menos irreverente. Enquanto os sindicalistas cobravam a resolução do imbróglio dos 11.98%, o carro de som tocava a marcha fúnebre pelas ruas na imediação do prédio do Legislativo.
 
Os protestos dos servidores, porém, não atrapalhou a tranquilidade da prestação de contas, que só terminou por volta das 19h40.

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