
A polêmica ficou reservada a um estudo divulgado pelo jornal A Gazeta nesse domingo (10). A reportagem que abordava o aumento dos gastos do Estado veio à tona logo no início da fase de perguntas dos deputados, mas de uma maneira positiva para o governador.
O deputado Sandro Locutor (PPS) foi quem levantou a questão, afirmando que “pseudoeconomistas” haviam apresentado um estudo sobre o aumento do custeio da máquina do Estado. O deputado questionou o governador se esse gargalo fora produzido por passivos de “governos passados”.
Casagrande preferiu não mexer com os antecessores, sobretudo o ex-governador Paulo Hartung, mas afirmou que o aumento do custeio é “óbvio”, já que o governo tem investido em obras, concursos e melhora dos serviços prestados pelo Estado. “Primeiro me criticavam porque eu não gastava e agora me criticam porque estou gastando”, disse o governador.
Mas, alertou Casagrande, este gasto está dentro dos limites da responsabilidade fiscal. Frisou ainda que o Tribunal de Contas tem o controle sobre os gastos. O assunto foi retomado pelo deputado Rodrigo Coelho (PT), que também adotou o tom da defesa. Disse que o aumento do custeio é típico de um governo provedor de serviço. O deputado disse querer uma agenda com o governador para debater a possibilidade de ampliação do rateio do ICMS com os municípios, para que também os gestores municipais possam aumentar sua capacidade de prestação de serviço à população.
O embate mais duro veio com a intervenção do deputado Paulo Roberto (PMDB). Além de questionar o governo com a pesquisa divulgada recentemente pelo Ibope/CNI, que apontava a saúde como principal demanda da população capixaba, o deputado também falou sobre o aumento dos gastos públicos, voltando à reportagem de A Gazeta. Ele afirmou que já vinha alertando para o gargalo devido à dependência do setor produtivo do petróleo. A resposta do governador também foi dura. Ele firmou que avaliações negativas sempre irão acontecer e acontecem em todos os Estados e alfinetou, ao dizer que o legislativo também é mal avaliado.
Paulo Roberto também afirmou que a nota A em excelência do governo do Estado se refere a um determinado período que extrapolava o governo Casagrande, ou seja, que também dividiria o sucesso da gestão o ex-governador Paulo Hartung (PMDB). Casagrande respondeu que foi mais fácil nos oito anos de Hartung, porque todo mundo estava ajudando a empurrar o Estadona mesma direção. “Eu só quero que nos meus quatro anos todos continuem a empurrar esse carro para que ele ganhe mais velocidade”.
O deputado também tocou no tema do aumento do custeio e até sugeriu o convite aos economistas que realizaram o estudo para que participassem de um debate sobre o tema na Assembleia. Casagrande que até então respondeu aos questionamentos sobre o tema com traquilidade, desta vez endureceu o discurso, dizendo que o debate pela imprensa é válido, mas que “quem é aliado tem de conversar com o governo e não pela imprensa”. E disparou: “Eu não sou neoliberal a ponto de juntar dinheiro enquanto a população demanda serviços”, disse sob fortes aplausos.
O governador afirmou que está aberto ao debate, mas que não vai se deixar levar por factoides porque não tem tempo a perder.”Esse debate não me interessa”.
Mentira

Os servidores ocuparam a galeria da Assembleia com cartazes cobrando o reajuste do vale alimentação. Os servidores levaram cartazes com os dizeres “A casa é grande, mas o respeito é pequeno”.
O Sindicato dos Servidores da Assembleia engrossou o time dos descontentes, mas o protesto foi bem menos irreverente. Enquanto os sindicalistas cobravam a resolução do imbróglio dos 11.98%, o carro de som tocava a marcha fúnebre pelas ruas na imediação do prédio do Legislativo.
Os protestos dos servidores, porém, não atrapalhou a tranquilidade da prestação de contas, que só terminou por volta das 19h40.