Em novembro próximo, o PSDB capixaba, assim como os demais diretórios estaduais, dá início ao processo de eleição interna do partido para definir o comando da estadual — os diretórios municipais estão em processo. Uma disputa que deve ser acompanhada de perto pelo Palácio Anchieta. Entre os nomes cotados para o comando estadual do PSDB estão o vice-governador César Colnago e o prefeito de Vila Velha Max Filho.
O resultado da escolha que vai definir quem vai comandar a sigla no processo eleitoral do próximo ano pode aproximar ou afastar o partido do governador Paulo Hartung. Em caso de eleição de Max Filho, a expectativa é que o perfil do tucano mantenha o da atual Executiva, que tem uma posição mais independente em relação ao Palácio Anchieta.
A atual executiva, comandada hoje por Jarbas Ribeiro de Assis, recusou a entrada no partido de deputados estaduais indicados pelo Palácio Anchieta e do próprio governador Paulo Hartung. No início do ano, Hartung fez uma movimentação forte em direção ao PSDB. À época, Hartung almejava o Senado e oferecia a disputa ao governo ao senador Ricardo Ferraço. As movimentações, porém, foram frustradas pela ala do PSDB que prefere manter distância de Hartung.
Na disputa atual pelo comando da legenda, além dos nomes de Colnago e Max Filho, já se comenta a possibilidade de uma movimentação atraindo o ex-prefeito de Colatina Guerino Balestrassi para a chapa, já que o vice-governador. Nessa tese, Balastrassi poderia suceder Colnago no comando da sigla a partir de abril de 2018, caso o vice se lance candidato à Câmara dos Deputados.
Mas há outra tese sendo cogitada. Hartung, para manter Colnago no comando do partido e garantir sua proximidade com o PSDB, reeditaria a chapa ao governo com o tucano na vice. Com esse arranjo Hartung asseguraria Colnago na presidência do PSDB durante o processo eleitoral.
O grupo de Max preocupa o governo porque em caso de vitória, o perfil deve permanecer o mesmo, ou seja, mais distante do Palácio Anchieta, e o partido deverá investir na permanência na sigla do principal desafeto do governador no cenário político do Estado, o deputado estadual Sergio Majeski. Alguns membros do grupo defendem inclusive a candidatura própria do PSDB ao governo, o que colocaria Majeski como nome natural do partido sem o óbice de Hartung.
Outra movimentação que pode preocupar o grupo palaciano é a possibilidade de uma aproximação com o PSB do ex-governador Renato Casagrande, que vem se desenhando nacionalmente com encontros entre os socialistas com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Aliás, é cada vez mais forte a articulação para o PSDB apoiar a candidatura do vice de Alckmin, Márcio França (PSB), ao governo de São Paulo.
O desempenho dos grupos à frente do partido nas eleições municipais também beneficia o grupo de Max. Isso porque sob o comando de Colnago, nas eleições municipais de 2012, o partido teve uma retração no número de prefeitos: caiu de 13 para seis. Em 2016, sob o comando de Jarbas Assis, atual secretário de Saúde de Vila Velha, e a partir do trabalho de rearticulação de Max, o partido retomou o patamar de 13 prefeitos no Estado.
A expectativa é de que a movimentação de bastidores que antecede a disputa interna de outubro seja marcada por articulações intensas dos dois grupos, já que estará em jogo o futuro político do partido no Espírito Santo nos próximos anos. O novo comando estadual vai definir se o PSDB continuará na posição de coadjuvante do governo ou se procurará um novo protagonismo fora da “bolha” de Hartung.