Terça, 30 Abril 2024

​'Único elo com o PSB é a luta contra Bolsonaro', afirma Jackeline Rocha

jackeline_rocha_arquivo_pessoal Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

A aliança PT-PSB, já esboçada em nível nacional com relação às eleições de 2022, encontra desafios no Espírito Santo, que passam pela filiação ao partido do senador Fabiano Contarato (de saída da Rede), potencial candidato ao governo, e pelas críticas do PT à gestão do governador Renato Casagrande (PSB). "Nós fazemos críticas, construtivas, mas a gente entende que essa crítica deva ser responsável, para não fazer coro com o movimento do bolsonarismo", afirma a presidente estadual do PT, Jackeline Rocha.

Ela conversou com Século Diário, no momento em que o cenário político para 2022 se configura favoravelmente ao ex-presidente Lula, líder em pesquisas, o que abre a possibilidade de o PT resgatar pelo menos parte do eleitorado, por meio da busca de alianças com outros partidos, entre eles o PSB, comandado por Renato Casagrande. Nesta semana, o deputado petista Paulo Teixeira (SP) chega ao Estado, para definir metas e montar a agenda no Estado da deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente da Nacional.

"Criticamos a área de desenvolvimento social, que precisa melhorar", diz Jackeline, que ressalta: "o desafio aqui no Espírito Santo é que não fazemos parte do governo de Renato Casagrande, não temos participação no governo, que é mais ao centro, um pouquinho à direita, e nós achamos que, em nível nacional, deveria estar no mesmo campo contra o bolsonarismo, porque derrotar Bolsonaro é o único caminho hoje para o Brasil ter perspectiva de futuro. Portanto, o que nos une é a luta contra Bolsonaro. Eu acho que isso está sendo desenhado".

A dirigente petista informa que a executiva do PT no Estado se reunirá nesta semana para debater prováveis candidaturas, alianças e a reforma eleitoral, com o posicionamento de fortalecer a democracia. 'A gente vê com certa preocupação os movimentos em torno da aprovação do 'distritão', por exemplo, que é um sistema que acaba por não garantir a participação de setores da sociedade. Então, a agenda é para discutir a representatividade das mulheres, dos trabalhadores de uma forma geral, a macrorreforma política que está sendo proposta ainda em 2021".

Questionada sobre o conceito de representatividade no âmbito partidário para sinalizar nomes que poderão vir a formar chapas de deputado estadual e federal e até ao governo do Estado, explica que o objetivo é formar um chapa à Assembleia Legislativa com o olhar dos trabalhadores na sociedade. "Para a gente fazer uma chapa, no caso das mulheres, de negras, por exemplo, já temos definido 20% de cota direcional, ou seja, 20% tem que ter abaixo de 29 anos. Porque a gente tem cotas raciais que tentam reproduzir na formação de chapas de deputado estadual, federal e até em cargos majoritários, então buscamos a representatividade também nessa construção".

No seu entendimento, é uma forma de se organizar, para que seja garantida a reserva de cadeira. "Havendo a reserva, que não acontece hoje ainda, poderá ser aumentada a presença das mulheres na política, de representes étnicos raciais, pomeranos, indígenas, ciganos, negros, negras. Há essa possibilidade de a gente avançar na legislação. O problema é que o ponto de retrocesso que está sendo debatido é o 'distritão', que prejudica, principalmente, as candidaturas emergentes", afirma.

Jackeline confirma os nomes do deputado federal Helder Salomão (reeleição) e do ex-prefeito de Vitória João Coser como duas candidaturas à Câmara Federal em 2022 e coloca seu nome como em fase de avaliação para concorrer à Assembleia Legislativa, destacando, no entanto, que está à disposição "para contribuir na missão que o PT determinar".

Sobre os entendimentos com relação ao senador Fabiano Contarato, aponta que, "com certeza, é um quadro muito bem-vindo, é uma pessoa que, dentro do Senado, tem uma relação muito boa com a bancada do PT. O partido tem um sentimento de gratidão para com o senador, pelas defesas que ele fez a favor dos direitos políticos do ex-presidente Lula. Então, pela sua postura e suas ideias, ele é do PT, só não é de carteirinha, é uma pessoa que tem relação com as tradições do nosso partido. A gente o considera como o oitavo senador".

Destaca, no entanto, que o contexto nacional é que vai decidir, embora a conjuntura local exerça influência na formação de aliança, principalmente relacionado à montagem de um palanque para o ex-presidente Lula. 

"Estamos totalmente comprometidos com esse palanque. Então, Contarato é um quadro que, se somar a essa construção, é positivo, pois sabemos que um dos desafios nossos é atrair outros partidos. Por isso é que a Gleisi virá aqui no Espírito Santo, para conversar com várias lideranças sobre essa frente pró-lula, que transcende o próprio PT. Temos que garantir, para dentro do PT, aumentar as nossas bancadas, estadual e federal, e, para fora, ampliar os acordos e apoios para a construção de um projeto para 2022".
Arquivo Pessoal

 Para ela, não existe empecilho com o PSB, porque os dois partidos estão alinhados contra o Bolsonaro; de um lado são os movimentos que defendem a democracia; do outro é fascismo. E o PSB, se colocado nesse campo, é onde está o PT. "Por isso é que eu não vejo como empecilho. Tanto o PT quanto o PSB não são partidos estaduais, são siglas nacionais, e se houver alguma medida que venha lá na frente a discutir qualquer centralização, o que os partidos fizerem, ela deve ser acatada no sentido de que o nosso maior adversário é o Bolsonaro".

Referindo-se ao governo Casagrande, ela aponta que os pequenos comerciantes precisam ter incentivos maiores, com isenção de impostos para os pequenos e não só para as grandes indústrias. A agenda da segurança alimentar também tem que entrar na pauta, com compra direta dos produtores rurais, pois o Brasil voltou ao mapa da fome. Jackeline considera que governo tem feito um bom trabalho no combate à pandemia, mas, por outro lado, tem que enfrentar esse que não é mais um fantasma, agora é real, a fome. "As pessoas estão morando nas ruas, em situação de vulnerabilidade, e precisamos melhorar. Outra coisa é a situação dos comerciários, que clamam por vacinas. A categoria não parou de trabalhar, mas não entrou no plano de priorização das vacinas".

Na avaliação da dirigente petista, não dá para "banalizar " a fala de Bolsonaro na live de duas horas em que ele ameaçou com um novo golpe e colocou em risco as eleições de 2022, ao rejeitar as urnas eletrônicas. Bolsonaro não é um louco, ele sempre foi um político, deputado federal do 'centrão', passou por vários partidos, e sempre foi eleito pelo voto dado por meio das urnas eletrônicas. O que ele quer é criar uma situação de insegurança democrática. Quando ela vê os movimentos do Lula que levam a uma possível vitória ainda no primeiro turno, não tem outro nome para isso a não ser golpe, outro golpe".

A presidente do PT lembra ainda que "menos de 25 anos depois do fim do golpe militar, tivemos outro golpe, porque a Dilma foi tirada por um golpe jurídico-parlamentar. É uma história que foi contada e que hoje as pessoas sabem que foi uma grande farsa para tirar o Lula das eleições". O ex-presidente Lula foi inocentado das acusações, mas os fatos serviram para desgastar a imagem do PT.

Jackeline aponta: "O que o Bolsonaro faz é criminalizar a política. Portanto, não se trata apenas de uma fala fora de contexto. Bolsonaro governa para os 20% que o apoiam, não governa para todos e o Brasil não suporta mais essa situação. Fome, a falta de emprego, o aumento da violência e da barbárie. Fora as fake news, que surgem a todo momento. É o governo da mentira; conta mentira para aquilo valer como se fosse a própria verdade. Então, existem hoje duas candidaturas no Brasil: uma, que é democrática, e outra, a de Bolsonaro, que é fascista".

Veja mais notícias sobre Política.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Terça, 30 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/