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Papo de RepórterEleição de outubro não finalizou a disputa entre Hartung e Casagrande

Nerter Samora e Renata Oliveira

Passada a eleição, o governador eleito viajou para descansar e o governador atual deu um mergulho político em águas profundas. Mas os dois sabem que a disputa entre eles está apenas começando. Papo de Repórter debate quais os rumos que essa disputa pode tomar no cenário político do Estado.

Nerter – A eleição ao governo do Estado acabou, mas as marcas de uma eleição dura entre Paulo Hartung (PMDB) e Renato Casagrande (PSB) ficaram e ainda vão doer por muito tempo. Para ganhar fôlego, as duas lideranças se recolheram após o pleito. O governador eleito viajou para descansar, afastando-se do burburinho gerado pela tentativa de aproximação das lideranças políticas ao seu grupo depois do pleito. Já Casagrande deu um mergulho político em águas profundas, se afastou das polêmicas e pareceu estar em um momento de reflexão sobre seu futuro e o do seu partido. Mas Paulo Hartung voltou das curtas férias e Renato Casagrande saiu do luto pela derrota e os dois sabem que a disputa de outubro não foi o fim da guerra, mas apenas a primeira batalha.

Renata – Os dois parecem estar em um momento de estudar o adversário. Estão buscando munição um contra o outro para os próximos embates. A equipe de transição de Hartung vasculha todas as secretarias e órgãos do Estado em busca de qualquer processo que possa trazer desgaste à imagem de Casagrande. E não se deve entender o silencio de Renato Casagrande como um reconhecimento de derrota e resignação. O governador também está se preparando para a próxima disputa, que deve ser em 2016, na corrida pela Prefeitura de Vitória. Certamente, contra algum aliado de Hartung, mais provavelmente, o deputado federal Lelo Coimbra.

Nerter – Casagrande assumiu um cargo nacional dentro do partido, isso é importante. O PSB saiu devastado desta eleição tanto lá quanto aqui. O governador parece ter entendido seu papel na reconstrução do partido e entende que é preciso dar fôlego à sua imagem. Vencendo na prefeitura de Vitória, ele reconstrói sua imagem e se credencia para um novo embate em 2018. Mas primeiro, tanto um como o outro precisam superar os problemas deixados na disputa eleitoral e em seus governos. Hartung evidentemente se incompatibilizou com muita gente em seu governo, mas como a classe política dialoga com a caneta e não com o agente que a segura, tem uma vida mais fácil. Casagrande cometeu muitos erros, arrumou problemas com parte da classe política e com uma parte dos empresários também, precisa reconstruir tudo isso.

Renata – De qualquer forma, a classe política sente que hoje não há uma unanimidade nos moldes da que se formou nos dois governos passados de Paulo Hartung. Não tem como. Algumas lideranças, as que estavam com Casagrande, não cabem no novo balaio de Hartung. E Casagrande pode ter que adotar essas lideranças, mas para isso precisa primeiro se reerguer. A disputa municipal é uma oportunidade e tanto, mas isso vai depender de como ele vai manobrar o cenário até lá. Se Hartung for jogar na conta dele desgastes econômicos e políticos, Casagrande estará pronto para o debate, ou deverá estar. Se houver o contraponto, se Casagrande efetivamente assumir essa postura de embate no período entre uma eleição e outra, pode até se consolidar como uma figura de oposição no Estado. Quanto à candidatura, ele tem tempo, tem um partido na mão, não vai queimar cartucho agora.

Nerter – Este cenário de embate entre essas duas forças também não se refere apenas às disputas eleitorais. No cenário político como um todo haverá essa disputa para aglutinação de forças políticas, mas volto a falar, a vantagem de Paulo Hartung está no fato de ele estar com a caneta. E também das movimentações que ele provoca nos meios políticos. Ao dizer que não é candidato em 2018, ele cria uma atmosfera de disputa entre seus aliados para saber quem será o sucessor por ele apoiado.

Renata – É verdade. Hartung parece ter chegado para seus aliados e dito: “Quem chegar com mais garrafa vazia pra vender em 2018 vai ser meu candidato”. Aí o vice-governador eleito César Colnago (PSDB) e o senador Ricardo Ferraço (PMDB) já entraram em campo para tentar se capitalizar. Ferraço vem investindo em aumentar sua visibilidade em Brasília para criar uma musculatura política para 2018. Já Colnago tem feito um fortalecimento interno do PSDB, buscando novas filiações e também uma ocupação estratégica do Palácio Anchieta. Deve assumir uma pasta importante e ainda emplacar o sobrinho em outra, ficando assim com influência em duas secretarias.

Nerter – Pelo jeito, Colnago se movimenta melhor, mas nunca se sabe o que vai acontecer, até porque não se sabe o que se passa na cabeça de Paulo Hartung. Não se sabe nem mesmo se essa história de ele não disputar a reeleição procede. E se for disputar o Senado? Como fica a acomodação de Ricardo Ferraço, que também é do PMDB e pela lógica, teria preferência na disputa à reeleição. Se bem que, para quem cortou a cabeça de Ricardo Ferraço uma vez, não sei se custaria cortar de novo.

Renata – É, mas no fim das contas, todo mundo se ajeita, não é? O que não vai ter jeito mesmo é sair da lista de desafetos de Hartung. Mas a gente está falando aqui que ele vai fazer e acontecer, mas também não se sabe o que pode ter contra ele, rolando por aí afora. Os comentários nos meios políticos são de que ele não tem mais a mesma admiração e submissão de seus súditos como antigamente e que pode ter problemas para governar o Estado novamente.  Até porque, se está se movimentando tanto visando a 2016, é porque se preocupa com 2018. Quer aniquilar os adversários para não ter de passar novamente por uma eleição tão dura como foi a deste ano.

Nerter – A nós, resta acompanhar os movimentos dos dois lados e observar quem vai se sair melhor nesse jogo político, que não se iludam, está apenas começando.

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