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PEC da reeleição favoreceu manobra de Ferraço e Hartung

Para que a eleição da presidência da Assembleia chegasse à definição pela candidatura única de Theodorico Ferraço (DEM) com o apoio do governador Paulo Hartung (PMDB), uma colaboração fundamental partiu do próprio bloco que defendia a independência da Casa. A manobra para a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permitiu a recondução do presidente da Mesa Diretora entre uma legislatura e outra, favoreceu a movimentação de Ferraço.
 
Em dezembro de 2014, um grupo de deputados entendeu que o cenário era propício para que o governador impusesse o nome de seu aliado Guerino Zanon (PMDB) como presidente da Casa. Os parlamentares remanescentes do período em que o peemebista foi presidente da Assembleia, não queriam repetir a experiência, já que a gestão de Zanon foi visto como um presidente intransigente e que em nada fortaleceu o plenário. 
 
A ideia foi a de apresentar a PEC, não necessariamente para que os deputados pudessem reeleger Theodorico Ferraço,, que à época dizia não ter interesse no cargo, mas para que os deputados mais antigos pudessem dar um recado ao Palácio Anchieta, de que queriam participar do processo de escolha do presidente. 
 
Queriam naquele momento evitar a repetição dos processos eleitorais internos anteriores em que o presidente era escolhido pelo Palácio e acatado pelo plenário, ainda que a contragosto. Mas a leitura dos deputados foi equivocada. 
 
Com a brecha aberta no Regimento Interno, Ferraço teve as condições para fazer a articulação com o governo do Estado. Com a formação do “blocão”, que chegou a reunir 16 deputados, maioria no plenário, outra manobra foi  criada para desarticular o grupo. Daí foram acionados agentes externos à Assembleia. 
 
Por meio do deputado Rodrigo Coelho, o PT, que tem espaço no governo Paulo Hartung com o ex-prefeito de Vitória, João Coser, criou o bloco governista para esvaziar o bloco independente. O presidente do PDT, deputado federal eleito Sérgio Vidigal, que também tem espaço no governo do Estado, também entrou no jogo para controlar o deputado Da Vitória, que vinha sendo apontado como o candidato do “blocão”. 
 
O bloco governista, que em um primeiro momento apontava a possível candidatura de Dary Pagung (PRP) à presidência, foi visto pelos meios políticos apenas como uma forma de desarticular o “blocão” para migrar posteriormente para a candidatura de Ferraço, como aconteceu nessa quinta-feira (22), em um encontro na Casa em que um documento com 20 assinaturas definiu a candidatura única de Ferraço e a distribuição dos demais espaços da Mesa. 
 
Caso se  concretize a articulação para os demais espaços da Mesa Diretora,  Enivaldo dos Anjos (PSD) deve ser o primeiro secretário; Cacau Lorenzoni (PP) o segundo secretário e Luzia Toledo (PMDB) a primeira vice-presidente –, a Assembleia terá um perfil governista, sem espaço para que deputados independentes possam se movimentar.
 
Com a consolidação da manobra, Ferraço vira candidato único e o bloco que se colocava como independente se desarticula. Os deputados que poderiam criar alguma resistência ao controle do Legislativo pelo Executivo perdem força neste processo. 

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