Documento passará primeiro pela Procuradoria; votação ainda não tem data
O pedido de cassação do mandato da vereadora Açucena (PT), de Cariacica, entrará no expediente da Câmara Municipal na próxima segunda-feira (30). O documento será lido em plenário e encaminhado à Procuradoria, e a Casa também terá que instaurar uma Corregedoria, o que não fez até hoje. O trâmite foi informado à parlamentar pelo presidente da Casa, Lelo Couto (MDB). O processo disciplinar foi proposto pelo vereador Sérgio Camilo (União), que aponta “quebra de decoro”.

A cassação ocorre com apoio da maioria absoluta do plenário, mas a votação só poderá ser marcada após concluídos os encaminhamentos. O pedido requer, neste caso, o afastamento imediato da vereadora de suas funções e a convocação do suplente, Alexandre Lemos, que somou 2.360 votos na disputa de 2024.
No documento, Sérgio Camilo afirma que tomou conhecimento de que Açucena, “em diferentes ocasiões e perante diversas pessoas, tem propagado declarações inverídicas e ofensivas à sua honra e imagem, alegando que o mesmo teria realizado ‘manobras políticas’ para assumir a cadeira de vereador da Câmara Municipal de Cariacica”.
As declarações, aponta, “referem-se ao momento que o vereador titular de sua coligação assumiu o cargo de secretário na prefeitura municipal, fato que, nos termos da legislação vigente, resultou na convocação legítima deste vereador, para ocupar a vaga de forma interina”. Sérgio Camilo é suplente de Edgar do Esporte (União), eleito com 4,6 mil votos, e que hoje atua como secretário de Relações Comunitárias.
Segundo o autor do pedido, as falas “não apenas carecem de qualquer prova ou fundamento, como também visam deslegitimar o exercício regular e legal do mandato desse vereador, atentando contra a sua honra, dignidade parlamentar e imagem da própria Câmara Municipal”.
O vereador anunciou que faria o pedido de cassação na sessão do dia 16 de junho. A fala provocou reação da sociedade civil, que compareceu ao Plenário da Casa de Leis na sessão do dia 18. Na ocasião, Açucena, que ainda não havia tido acesso ao documento, protestou: “o vereador Sérgio Camilo não vai nos calar”.
Defendeu, ainda, que “a tentativa, sem fundamentação, de tentar cassar o mandato, não é um ataque a mim, Ilona Açucena, é um ataque aos 2.644 votos que me elegeram, a todas as mulheres, jovens, professores e professoras, à periferia da cidade, religiões de matriz africana e todos que se sentem representados pelo nosso mandato”, disse a vereadora, que destacou: “sou uma mulher jovem, cria de Padre Gabriel, filha de Elaine e Vitor, filha de Oxumaré, fruto da escola pública e do SUS [Sistema Único de Saúde]. Conheço bem a realidade da cidade”. A vereadora recebeu apoio de partidos e parlamentares do PT.
Jovem liderança de 25 anos, Açucena se tornou a única figura de oposição ao prefeito Euclério Sampaio na Câmara de Vereadores. Ela é primeira mulher que o PT elegeu para o parlamento em Cariacica, e disputa a presidência do diretório municipal pela corrente Democracia Socialista (DS) e o campo de oposição “Para Voltar a Sonhar” (PVS), que apoiam João Coser para presidente da Executiva estadual.