A audiência pública realizada na última terça-feira (17) para discutir o projeto “Escola Viva” abalou a relação entre o Legislativo e o Executivo. O governo não gostou de a Assembleia ter virado palco de discussão sobre o projeto que é a menina dos olhos da campanha de Paulo Hartung (PMDB).
Nos corredores, o comentário é de que esse episódio só ajudou a aumentar a insatisfação dos deputados com o governo. Tanto o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Roberto, quanto o líder do governo, Gildevan Fernandes (PV), não estabeleceram até o momento o nível de diálogo pretendido pela Casa.
Para os deputados, o líder e o secretário da Casa Civil representam a voz do governador para com a Assembleia e o sentimento é de que o governador vai tentar utilizar o Legislativo para garantir sua governabilidade, mas sem estender a mão para as bases dos parlamentares, como fazia antes do retorno ao governo.
Neste sentido, o espaço aberto com a audiência pública serviu para colocar os deputados em outro patamar de negociação, mandando um recado para o Palácio Anchieta, de que a Casa não vai referendar todos os projetos sem uma discussão mínima.
O precedente aberto com a retirada da urgência do projeto pode significar uma necessidade de articulação maior com o Legislativo. A audiência pública mostrou que os deputados estavam prestes a aprovar um projeto em caráter de urgência, que se mostrou vazio ao ser analisado e atentava contra o interesse da comunidade escolar, tanto que as manifestações que começaram dentro da Assembleia ganharam a rua.
A movimentação na Assembleia não agradou o governo. A aprovação da Escola Viva deveria ser o primeiro grande ato do governo, para apresentar algo além do discurso de desarranjo fiscal deixado pelo governo anterior. Mas com a audiência, o projeto ficou fragilizado porque não tinha muito para apresentar e as dúvidas se multiplicaram inviabilizando a aprovação do projeto.
