Sexta, 19 Abril 2024

Políticos capixabas criticam duramente pronunciamento de Bolsonaro na TV

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Além das panelas que soaram em alguns bairros do Espírito Santo, uma enxurrada de críticas de políticos capixabas seguiu o polêmico e criticado pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia do coronavírus (Covid-19), feito na noite dessa terça-feira (24) em rede nacional de rádio e televisão.

Nas redes sociais, integrantes do governo do Estado e representantes no Congresso Nacional se manifestaram com veemência contra as declarações de Bolsonaro pedindo reabertura dos comércios, retorno de atividades nas escolas e o fim do confinamento da população.

O governador Renato Casagrande considerou o discurso do presidente "desconectado das orientações dos cientistas, da realidade do mundo e das ações do Ministério da Saúde". Afirmou que a fala do líder máximo do país confunde a sociedade, minimiza os efeitos da pandemia e atrapalha o trabalho que vem sendo feito por estados e municípios. "Mostra que estamos sem direção", disse.

A vice-governador Jaqueline Moraes (PSB) também se posicionou chamando de irresponsável o pronunciamento de Bolsonaro, apontando falta de empatia e despreparo do presidente.

Dois dos senadores capixabas também criticaram a declaração do presidente. "Bolsonaro, com suas palavras irresponsáveis, demonstra total desprezo por quem pode morrer. Mostra-se pequeno, mesquinho e ganancioso. Só se preocupa com a economia e com os ricos. Não importa quantos inocentes morram", declarou o Fabiano Contarato (Rede).

Rose de Freitas (Podemos), que está próxima de encerrar sua licença médica, também foi dura em suas afirmações. "O presidente perdeu totalmente o senso de responsabilidade pública" ao ignorar o alerta dos médicos sobre o Covid-19. "Ele insiste em desestabilizar a verdade e promover dúvidas que desorientam o caminho de muitos que precisam de posições e esclarecimentos, que possam ajudar a salvar diversas vidas diante desta gravíssima pandemia".

O outro senador capixaba, Marcos Do Val (Cidadania), mais próximo do presidente, não se pronunciou de imediato pelas redes, assim como a deputada federal Soraya Manato (PSL), principal aliada de Bolsonaro na bancada capixaba.

O também deputado Helder Salomão (PT) chamou o pronunciamento de "show de irresponsabilidade em rede nacional", apontando que o país está indo na contramão do mundo. "O Bolsonaro caminha para o isolamento, o Brasil para o caos", lamentou.

Outro que respondeu de imediato às declarações presidenciais foi o deputado Felipe Rigoni (PSB), que considerou "inconcebível" um chefe de Estado contrariar publicamente as recomendações internacionais e até mesmo do próprio Ministério da Saúde. "É compreensível que estejamos ansiosos para voltar a circular normalmente, mas toda escolha tem um preço. Retomar a vida agora, em meio à onda de contágio, seria causar um colapso no Sistema de Saúde e matar milhares de brasileiros sem assistência", alertou. Considerando o pronunciamento simplista e irresponsável, ele apontou a necessidade de lutar pela ampliação do gasto público para garantir apoio às famílias e empresas, com respostas ágeis e robustas.

O pronunciamento do presidente insistindo em minimizar os efeitos da pandemia que assola e preocupa o mundo parece ser o ponto mais alto da crise política do país desde o início da pandemia, gerando inclusive o repúdio público do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Nas redes sociais, a confiança em Bolsonaro pode ter despencado após a declaração em rádio e TV. É isso que aponta um primeiro levantamento da AP Exata, empresa de análise de dados digitais, com dados do Twitter. "Bolsonaro conseguiu manter o índice em alta no decorrer do dia, apesar dos sentimentos negativos serem proeminentes. Mas depois de seu terceiro pronunciamento em cadeia de rádio e TV, a confiança caiu e perdeu para sentimentos como raiva, desgosto e tristeza", apontou o jornalista Sergio Denicoli, que coordena a AP Exata.

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