Nos próximos dias o PT deve convocar uma reunião do seu diretório estadual para definir uma posição que já vinha sendo cobrado por um grupo minoritário do partido desde o início do ano passado: a saída do partido do governo Paulo Hartung (PMDB).
O mesmo grupo, aliás, defendeu, ainda no período eleitoral de 2014, que o partido não se aliasse a Hartung. Mas houve um apoio velado de Hartung ao candidato petista ao Senado, João Coser. Após a eleição de Hartung, Coser se tornaria secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano do governo.
Além de Coser, também passaram a integrar o governo, à frente da Aderes, a ex-deputada estadual Lúcia Dornellas, e outros nomes em cargos de menor visibilidade. O partido só não ganhou um terceiro cargo de destaque porque houve divergências na criação de uma Secretaria de Trabalho, que seria entregue ao deputado Nunes.
Essa relação sempre foi um ponto de discórdia dentro do partido. Os nomes no governo, na verdade, pertencem ao grupo político de Hartung, não se trata de uma acomodação partidária. Independentemente disso, a relação causa problemas diante da radicalização do debate nacional. O assunto foi levado à discussão na Executiva em vários momentos e, uma denúncia foi enviada à Nacional do PT.
O principal ponto de discórdia dentro do PT começou bem antes da decisão do PMDB desembargar do governo Dilma Rousseff. Os chamados históricos do PT não engoliam a participação em um governo eleito no palanque do tucano Aécio Neves. Embora o governador nunca tenha radicalizado sua crítica ao governo federal, a relação nunca foi boa entre Hartung e o PT.
Agora, com a decisão do PMDB, a situação parece estar insustentável para Coser, que tem a maioria no partido, mas vê a pressão interna aumentar com o desgaste nacional. Embora Hartung ainda tente manter afastamento do debate, o PMDB capixaba declarou apoio a decisão da Nacional, e como o partido segue as orientações do governador Paulo Hartung, não dá para dissociar uma decisão da outra.
