Nas movimentações para 2018, a classe política tem especulado sobre a divisão dos espaços políticos em disputa caso o governador Paulo Hartung realmente migre do PMDB para o PSDB. Considerando que o governador mude de partido e queria disputar uma das vagas ao Senado, precisaria haver uma engenharia para acomodar o senador Ricardo Ferraço (PSDB), que seria candidato natural à reeleição em 2018.
A articulação aponta para uma troca de papéis. Hartung disputaria o Senado e Ricardo Ferraço e governo do Estado, o que desmancharia o acordo alinhavado ainda em 2014 para que o vice-governador tucano, César Colnago, possa assumir o governo em abril do próximo ano e disputar a reeleição na cadeira de governador. No novo arranjo, Colnago disputaria uma vaga na Câmara dos Deputados.
Dentro dessa suposta acomodação fica a impressão de que Colnago é o grande perdedor. Mas não é bem assim. O vice-governador parece ser uma liderança política que tem paciência para dar os passos seguintes de seu projeto político. Sem espaço nesse arranjo, ele teria que protelar o projeto para comandar o Estado.
Para os meios políticos, uma ambição mais imediata de Colnago seria considerada um passo atrás, mas guarda uma estratégia mais sólida para se chegar ao Palácio Anchieta. O tucano estaria de olho em um cargo que na verdade quase conseguiu em 2004: a prefeitura de Vitória, que poderia servir como um cargo estratégico de espera a uma nova investida ao governo.
O projeto de governar Vitória foi frustrado outras vezes. Colnago deveria ser o sucessor do projeto tucano em Vitória, depois de o comando da Capital passar pelas mãos de Paulo Hartung e Luiz Paulo Vellozo Lucas. Mas acabou sendo derrotado pelo petista João Coser. No primeiro turno, Coser conseguiu um resultado de 68.151 contra 64.054 votos de Colnago. No segundo turno, o placar foi bem mais elástico, com 104.057 votos, contra 75.647 do tucano.
Desde então, ele não se aventurou mais a disputar a prefeitura, mas estaria disposto a voltar um passo e buscar o mandato que não conseguiu. Isso seria importante para uma liderança que não é exatamente um imã de votos. Em 2010, sua eleição a deputado federal contou com a ajuda do primeiro suplente da chapa, Max Filho, que serviu de escada para a eleição do tucano à Câmara. Em 2014, Colnago nem arriscou disputar a reeleição e graças a uma movimentação que tirou o PSDB do palanque de Renato Casagrande (PSB), onde Luiz Paulo teria vaga de candidato ao Senado, Colnago ganhou a vaga de vice na chapa de Hartung.
Colnago não vem fazendo um trabalho de aumento de musculatura política, como fez seu antecessor no cargo de expectativa, o hoje deputado federal Givaldo Vieira (PT), que conseguiu rodar o Estado todo e se viabilizou para a disputa proporcional, que contou também com a ajuda do puxador de votos de sua chapa, Sérgio Vidigal (PDT).
No acordo de Hartung dentro do PSDB, caso ele realmente migre para o partido, a construção de um palanque para Colnago deve lhe dar as condições de se eleger para a Câmara dos Deputados e fornecer a musculatura que precisará para enfrentar o candidato o sucessor do projeto de Luciano Rezende (PPS) na cidade, que, ao que tudo indica, deve ser o supersecretário Fabrício Gandini (PPS).