O Espírito Santo se destacou pelo posicionamento na votação sobre o prosseguimento da denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Michel Temer. Proporcionalmente, o Estado teve o maior índice de votações contra o presidente, com 80% dos deputados federais votando pelo prosseguimento da denúncia. O índice da bancada capixaba é destacado pela coluna de Cristian Klen, no Valor Econômico (27/10/2017).
O índice está bem acima da média do plenário, que é de 44%, na primeira denúncia, e de 45%, na segunda. O percentual mínimo para afastar Temer seria de 66,7%. Para garantir sua sobrevivência, Temer chamou vários deputados para “conversar” e liberou recursos extras além das emendas impositivas. Na bancada capixaba, apesar do alto índice de recursos liberados para os deputados estaduais, o valor não foi além do impositivo.
Tanto que o líder da maioria na Câmara, deputado Lelo Coimbra (PMDB), que votou contra a denúncia, segundo o colunista, quase como obrigação, foi um dos que menos recebeu recursos entre os 10 parlamentares do Estado. O outro deputado a votar a favor de Temer foi Marcus Vicente, do PP, partido aliado do presidente.
Ainda, segundo a colunista, dos oito deputados do Espírito Santo que votaram contra Temer, três eram votos previsíveis: Helder Salomão e Givaldo Vieira, do PT e Sérgio Vidigal, do PDT. Mas a outra metade da bancada está ou esteve na base aliada, por isso chamou atenção.
Os deputados apontam ao Valor alguns motivos que levaram o Estado a atingir um índice alto de reprovação ao presidente. A popularidade baixa de Temer aliado ao tamanho do Estado, que coloca os deputados em contato mais direto com o eleitor, motivo apontado pelo deputado Paulo Foletto (PSB) é uma forte explicação para a postura da bancada. A cobrança aos parlamentares é mais direta do que em outras unidades da Federação.
Para Carlos Manato (SD), a falta de ingerência do governo do Estado na movimentação da bancada também ajudou. Mesmo sendo do mesmo partido do presidente, o governador Paulo Hartung tem evitado estreitar laços com o Palácio do Planalto, preocupado em manter distância da impopularidade do chefe do Executivo federal. Hartung estaria de saída do partido e mesmo que decidisse ficar não tem o perfil de fazer a defesa partidária.