Sem um mandato, logo, longe da mira dos manifestantes, o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) ganhou na semana dos protestos no Estado espaço para dar sequência às suas movimentações políticas visando a se capitalizar para a disputa eleitoral do próximo ano.
Já o governador Renato Casagrande (PSB) preferiu se manter mais discreto, para evitar desgastes e se tornar um alvo fácil dos manifestantes. Independentemente da estratégia de cada um, as articulações políticas podem mudar a partir da pressão das ruas. Algumas pautas colocadas pela população no protesto podem servir de discurso que será usado no jogo político do próximo ano.
Se até aqui, o problema era a segurança pública, certamente os gastos com a Copa Mundo, a corrupção e a falta de políticas públicas de saúde e educação devem entrar nas pautas e povoar os palanques tanto dos candidatos majoritários quanto dos proporcionais.
Mas antes disso deverá haver uma recomposição das lideranças diante do reflexo no cenário nacional. O governador Renato Casagrande vem tentando emplacar um perfil neutro em relação à disputa presidencial, defendendo a ideia de que todos os nomes caberiam em seu palanque.
No PSB, aliado histórico do PT e com a possibilidade de o presidente de seu partido, o governador de Pernambuco Eduardo Campos disputar a presidência, Casagrande alimenta a esperança de conciliar as duas situações e ainda atrair o PSDB. Mas as avaliações e o rumo ainda desconhecido do movimento podem trazer reflexos não só na disputa nacional, mas também desarranjar as articulações locais.
O senador Magno Malta (PR), que vem se apresentando para erguer o palanque de Dilma Rousseff no Estado, também pode ter de reavaliar seu posicionamento. O ex-governador Paulo Hartung parece próximo do senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB). Como o movimento vem criticando todas as bandeiras partidárias a disputa presidencial pode ganhar foco no próximo ano e prejudicar todos os nomes colocados para disputa.
No Espírito Santo, a tentativa de manter a unanimidade política que já vinha sendo descartado nos meios políticos, por conta da movimentação de Hartung, pode favorecer um cenário diferente também, dificultando a disputa para os candidatos ligados aos presidenciáveis na berlinda.