Para conter o elevado volume de notícias falsas sobre a candidatura de Fernando Haddad à Presidência da República, a direção estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), dentro de normas estabelecidas pela Nacional, começou a organizar nesta quarta-feira (10) um serviço para recebimento de denúncias, encaminhando os casos comprovados para o Ministério Público.
As notícias falsas, conhecidas pelo nome grafado em inglês fake news, atingem principalmente o eleitor menos informado, com destaque para o público evangélico, que ainda é estimulado a aceitá-las como verdadeiras, sob ameaças de lideranças religiosas, que tocam a sua fé por meio de distorções de ensinamentos bíblicos.
As redes sociais estão recheadas de fake news e sites evangélicos mostram uma verdadeira “guerra santa” entre membros da mesma congregação, muitas vezes estimulada por lideranças. As mensagens atingem o presidenciável do PT, Fernando Haddad, e a candidata a vice, Manuela D' Ávila (PCdob).
Em um dos links postados, Manuela aparece vestindo uma blusa preta com a frase “Jesus Cristo é travesti”; em outro, “Sou mais importante do que Jesus”. Já com Fernando Haddad, são postadas mensagens denunciando que, se eleito, ele vai fechar igrejas e obrigar os pastores a casar pessoas do mês mesmo sexo, entre outras distorções relacionadas a processos sobre corrupção.
Há postagens afirmando que o PT irá transformar o Brasil numa Venezuela, que são aceitas por evangélicos que se negam a reconhecer os avanços sociais do País registrados nos governos petistas. “O surreal é que existem pessoas que receberam direitos e benefícios e hoje aceitam as fake news”, explica um evangélico.
Para o dirigente petista Perly Cipriano, o nível está muito baixo e por isso o partido resolveu criar essa frente para barrar “essa onda de mentiras, que nada mais é do que a forma que o adversário encontrou para preencher a falta de propostas e de coragem para ir aos debates na TV”.
Uma das mentiras mais divulgadas é uma publicação com foto de um casal de crianças fazendo sexo, que faria parte do chamado “kit gay”, que circula no meio evangélico e foi mostrado pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL) em uma de suas raras aparições ao vivo na televisão para debater programas de governo. A existência desse “kit gay”, que seria distribuído nas escolas, nunca foi comprovada.
O ‘Aparelho sexual e Cia” nunca esteve disponível nas escolas públicas do Brasil, mas, apesar disso, a afirmação ganhou as redes sociais e foi replicada em posts que mostravam, inclusive, o interior do livro, dizendo que tal material era distribuído nas escolas. No entanto, foi vetado pelo governo em 2011. Tal informação foi checada por veículos do Projeto Comprova.