A quarta recondução de Theodorico Ferraço (DEM) à presidência da Assembleia Legislativa, quem diria, depende hoje de uma ingerência do governador Paulo Hartung (PMDB). Nos bastidores das articulações na Casa, o nome do deputado Erick Musso (PMDB) está consolidado no plenário. Se a eleição fosse hoje, o jovem deputado de Aracruz teria a maioria dos votos dos colegas.
A insatisfação do plenário com Ferraço dificulta sua movimentação. Mesmo com a mão do Palácio Anchieta o demista teria que suar para conquistar os 16 votos mínimos para a eleição. Mas como os deputados têm uma posição de subserviência ao Executivo, o presidente pode voltar ao jogo pelas mãos do governador.
Com o tamanho que a candidatura de Erick Musso ganhou no plenário, Ferraço estaria articulando uma outra estratégia para tentar mexer no cenário interno. Estaria tentando viabilizar a candidatura do presidente da Comissão de Finanças, Dary Pagung (PRP), à presidência, mas o deputado tem dificuldades depois do episódio das emendas parlamentares que não foram atendidas pelo governo, embora as de Dary tenham sido.
Daí o movimento de Ferraço na devolução de recursos da Casa para o governo, sugerindo o atendimento de emendas no valor de R$ 500 mil para cada deputado indicar o mesmo montante das emendas não atendidas. O que dificulta a movimentação do atual presidente é a quantidade de cargos que ele tem loteado pela Mesa, que gira em torno de 60 dentro e fora da Casa.
Disputando a reeleição em 2018, a pressão dos deputados seria por acomodação das lideranças de suas bases. Com Ferraço à frente da Casa, os parlamentares temem não conseguir esse espaço para fazer suas movimentações e garantir as articulações para a eleição.
A percepção na Casa é de que o governador vai se posicionar sobre o processo interno. A situação é bem confortável do ponto de vista da relação institucional, já que ambos fazem parte da base governista. A escolha de Hartung deve se basear em suas intenções para o processo eleitoral de 2018.
Theodorico Ferraço conseguiu uma concentração de poder muito grande, com o filho no Senado, Ricardo Ferraço (PSDB), e a mulher, Norma Ayub (DEM), agora na Câmara dos Deputados. As movimentações do governador esbarram no interesse de Hartung e nos caminhos que ele pode seguir em 2018, podendo acomodar ou não Theodorico neste contexto.