O comportamento do plenário da Assembleia Legislativa na sessão dessa segunda-feira (7) acendeu o sinal de alerta no Palácio Anchieta. A movimentação em torno do Projeto de Lei Complementar que retira da Assembleia e outros poderes os militares da ativa cedidos, além das escoltas de autoridades, foi de iniciativa do governo, mas as articulações sobre as emendas do líder do governo, Gildevan Fernandes (PMDB), e Euclério Sampaio (PDT) é que chamaram atenção.
O texto original determinava o retorno dos policiais às ruas em 60 dias. Euclério conseguiu aprovar uma emenda nas comissões prevendo o retorno a partir do ato da publicação da lLei. Já o líder do governo não obteve êxito em aprovar uma outra emenda, determinando o retorno em 90 dias. Gildevan Fernandes apresentou então destaque da emenda e sofreu nova derrota no plenário.
A rebeldia dos deputados com a matéria não guarda relação com o governo, mas com o fato de o alvo da imprensa ter sido apenas a Assembleia. Na manhã dessa segunda, o secretário de Segurança, André Garcia, esteve na Casa para prestação de contas à Comissão de Segurança e não apresentou muitos dados sobre o número de policiais cedidos. Isso acirrou os ânimos no plenário.
Para o governo do Estado, a situação causa preocupação, já que o momento é delicado. O nível de insatisfação dos deputados é alto, porque percebe-se um tratamento desigual do Executivo na aplicação das emendas individuais. Enquanto aliados têm conseguido emplacar suas emendas, os deputados menos alinhados ainda não conseguiram nada. Recentemente o secretário-chefe da Casa Civil, Zé Carlinhos da Fonseca, esteve no Legislativo com uma proposta nada amistosa para os parlamentares, de baixar o valor das emendas de R$ 1,2 milhão para R$ 500 mil.
Paralelamente a essa insatisfação, chega à Casa para discussão o Orçamento de 2017, que pode ser alvo da irritação dos deputados. Na votação dessa segunda, os deputados teriam dado um recado ao Palácio Anchieta sobre o poder de mobilização que os parlamentares podem conseguir no plenário, o que traria problemas para o Executivo.
Destaca-se o comportamento de alguns deputados neste contexto, começando pelo autor da emenda dissidente, Euclério Sampaio, que começou o mandato como base aliada, mas a partir de uma manobra palaciana dentro da CPI dos Empenhos que ele presidia, passou a ser oposição na Casa e tem dado dor de cabeça aos emissários do governo.
Outro que teve papel de destaque na discussão dessa segunda é o deputado Sérgio Majeski (PSDB), que desde o início de seu mandato tem adotado uma postura independente e não aceita o guizo do governo. Quem também vem começando a mostrar uma postura menos alinhada é o deputado Amaro Neto (SD), que saiu do processo eleitoral de Vitória derrotado, mas com grande capital político e sofreu isolamento do governo do Estado na reta final da eleição.