Sexta, 17 Mai 2024

Recado da militância

Os candidatos que disputaram as eleições do PT (Processo de Eleição Direta - PED) nesse domingo (10) esperavam um comparecimento mais maciço dos filiados. Eles estimavam que pelo menos nove mil, dos 11.500 filiados do partido, fossem às urnas, mas apenas cinco mil comparareceram à votação. Para alguns militantes, mais do que uma decepção, o baixo quorum foi um recado da base para a direção do PT no Estado.
 
 
Também foi um recado a chegada do professor do Ifes Max Dias ao segundo turno da disputa do principal diretório municipal, contra o secretário estadual de Turismo Alexandre Passos, membro do partido ligado ao grupo de Coser. Max é da juventude petista, mas contou também com o apoio de petistas históricos, gente que não se sente mais representada pelas correntes internas. 
 
Desde muito antes do dia do PED já se sabia que a vitória do ex-prefeito João Coser era iminente. Isso mantinha seu grupo à frente do partido, um grupo que reúne além de sua corrente, a Alternativa Socialista, membros da DS, da CNB e os chamados independentes.
 
Um grupo que está no comando do PT na última década e que teve à frente do partido presidentes ligados a Coser, como Givaldo Vieira, Carlos Casteglione e mais recentemente José Roberto Dudé. 
 
A intenção do PT nacional em transformar a escolha de seus dirigentes em um processo democrático, com o voto direto dos filiados, acabou favorecendo manobras de grupos financeiramente estruturados, permitindo o controle por uma questão numérica. Coser fez isso construindo uma estratégia de filiação em massa que garantiu sua eleição fácil.
 
Ficou evidente que a vitória de Coser não reflete o desejo da militância do PT, que entende que o caminho que o partido vem trilhando atualmente se afastou completamente de suas origens, de sua bandeira, da pauta das ruas. O grupo de Coser representa o pragmatismo extremado no PT, o aparelhamento da máquina, a disputa por espaço político e a briga por cargos nos governos aliados. 
 
Esse pragmatismo garantiu espaços, mas mostrou o enfraquecimento do partido na eleição do ano passado. Para a disputa do próximo ano, o partido se movimentou de forma a garantir o espaço para que Coser dispute o Senado. Se conseguir, ficará a pergunta: valeu a pena?
 
Fragmentos:
 
1 – No PT estadual a briga por espaço não se restringe às figuras de mais destaque como o ex-prefeito de Vitória, João Coser e a senadora Ana Rita. Na corrente lulista, além das divisões, o grupo majoritário também está se digladiando.  
 
2 – O presidente da CUT do Estado, José Carlos Nunes, ganhou espaço no setor de Tarciso Vargas, que hoje estaria isolado dentro do partido. 
 
3 – Na Assembleia Legislativa continua em alta os comentários sobre a queda de braço entre o governador Renato Casagrande e o presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM). 

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