Em meio às incertezas sobre o processo de escolha do novo presidente do PSDB do Estado, o grupo mais afastado do governador Paulo Hartung (PMDB) observa com atenção a possibilidade de uma manobra para permitir que o vice-governador César Colnago (PSDB) possa a disputar a presidência do partido. Isso porque, o código de ética do Estado impediria que ele pudesse presidir partido estando na vice-governadoria. Mesmo assim, Colnago estaria se movimentando como candidato.
A realização de uma reunião do conselho de ética do Estado, marcada para o dia 11 de outubro, um mês antes da convenção estadual e três dias após o fim do prazo para as convenções municipais, acendeu o sinal de alerta entre os que não querem o retorno de Colnago à presidência do partido. A declaração do atual presidente do conselho, Jovacy Peter Filho, na coluna Praça Oito, do jornal A Gazeta desta sexta-feira (22), aumenta a apreensão do grupo.
“Pela hierarquia das funções, se essa incompatibilidade alcançasse o governador e o vice, essa proibição deveria estar expressa no inciso I. Portanto, o texto da resolução não proíbe isso do ponto de vista legal. Já do ponto de vista ético, tendo em vista a natureza da função política de governador e vice, não vejo incompatibilidade, num primeiro momento. Mas podemos ser provocados”, disse o presidente do conselho.
Mas destaca que o inciso IV da resolução diz que a regra também se aplica aos “ocupantes de outros cargos da estrutura da administração direta, cuja natureza seja considerada de alta relevância pública”, deixando a questão em aberto.
No partido há o entendimento, por parte de um grupo de tucanos que se Colnago vencer a eleição, isso significaria que o partido novamente caminharia com o governador Paulo Hartung (PMDB) no processo eleitoral do próximo ano. Segundo interlocutores tucanos, Hartung teria prometido a manutenção da vice a Colnago, caso ele consiga o controle do PSDB capixaba.
Do outro lado está o grupo que apóia a candidatura do prefeito de Vila Velha Max Filho, que representaria a manutenção da postura hoje majoritária na executiva de afastamento do partido do Palácio Anchieta. Uma posição que parece reforçada quando o prefeito faz elogios à senadora Rose de Freitas (PMDB) – na coluna Plenário de A Tribuna desta sexta –, desafeta do governador Paulo Hartung e possível candidata ao governo em 2018.
O grupo espera uma batalha dura pela presidência do partido com a ingerência do governo no processo. Além da liberação do conselho de ética, Colnago precisa garantir a maioria dos delegados na convenção, o que dependerá do resultado das convenções municipais que seguem até o dia 8 de outubro.
As disputas nos municípios de Vila Velha, Vitória, Cariacica, Serra e Colatina podem definir o grupo que vencerá a disputa estadual. A tendência é de que haja muita pressão nos delegados, prefeitos, vereadores e lideranças em geral do partido, para que se consiga o contingente necessário de votos.
Outro fato que pode influenciar nessa movimentação interna são as ações do governador Paulo Hartung com a cúpula tucana. Nessa quarta-feira (20), ele se encontrou com o governador de São Paulo Geraldo Alckmin para discutir o cenário nacional. No mês passado também esteve com o presidente interino do partido, Tasso Jereissati, quando disse ter sido convidado para se filiar ao partido. A presença direta ou indireta de Hartung pode pressionar na eleição interna, norteando o caminho eleitoral do partido.
Mas isso não acontecerá sem muita briga. Até aqui a atual gestão do partido, comandada pelo secretario de Saúde de Vila Velha, Jarbas de Assis, tem conseguido barrar as ingerências de Hartung no partido, como a tentativa do próprio governador de se filiar ao ninho tucano, além da tentativa frustrada de tentar encaixar dois deputados estaduais aliados na sigla – Erick Musso e Gildevan Fernandes. Jarbas de Assis também tem sido hábil na proteção à “prata da casa” e principal desafeto de Hartung na Assembleia, o deputado tucano Sergio Majeski.