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Ricardo Ferraço busca apoio para sair do isolamento em 2014

Para tentar garantir sua candidatura ao governo do Estado no próximo ano, o senador Ricardo Ferraço (PMDB) tem uma série de dificuldades internas e externas ao partido, que vão além da disposição dele em ser candidato e do aval da Executiva Nacional do PMDB em ter palanque próprio no Estado.
 
O peemedebista iniciou o processo de consolidação de sua candidatura de forma atrapalhada. Seguindo a prática adotada pelo seu grupo desde a entrada do ex-governador Paulo Hartung no partido, Ricardo tentou colocar a candidatura de forma vertical, após um encontro em Brasília com o vice-presidente Michel Temer e o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). 
 
Mas enfrentou a primeira dificuldade, diante da negativa da bancada estadual em aceitar decisões de cúpula sem a prévia discussão no partido. O que trouxe à tona a segunda grande dificuldade de Ferraço. Ele precisa convencer a bancada de que tem poder de articulação para construir um arco de alianças forte o suficiente para acomodar as candidaturas proporcionais do partido, dando condição de competitividade aos sete deputados estaduais e aos três federais que almejam a reeleição.
 
Para conseguir esse arco de aliança, Ferraço terá que vencer o isolamento do grupo. O governador Renato Casagrande, eleito em 2010 com o apoio de 16 partido, incluindo o PMDB, tem até o momento a confiança da maior parte das lideranças para fazer as costuras para o próximo ano, ainda mais em um cenário com menos vagas e consequentemente maior necessidade de votos para as pernas proporcionais.
 
Antes da eleição de 2010, Ricardo conseguiu articular sua candidatura ao governo com o apoio das lideranças, mas o cenário era diferente. Ele era vice-governador e candidato palaciano ao governo. Naquele momento, seu principal apoiador, o então governador Paulo Hartung estava à frente do governo, posição que hoje não tem. 
 
Para os meios políticos, a capacidade de agregação de Hartung não é mais a mesma que em 2010 e desembarcar do palanque palaciano hoje, saindo do grupo do governador Renato Casagrande pode não ser a melhor opção para os partidos que têm na disputa proporcional seu grande objetivo em 2014.
 
Outra dificuldade de Ferraço em consolidar sua candidatura está no cenário nacional. Ele precisa convencer a presidente Dilma Rousseff e a cúpula do PT nacional de sua condição de erguer um palanque para a petista no Estado. Depois da atuação de Paulo Hartung nas disputas de Lula e de Dilma, respectivamente em 2006 e 2010, essa argumentação fica sem sustentação. Além disso, a atuação de Ricardo Ferraço no episódio da fuga do senador boliviano Roger Molina para o Brasil não agradou em nada a presidente Dilma. 
 
Caso consiga vencer essas dificuldades, Ricardo tem ainda outro obstáculo a vencer: o eleitorado. Ricardo foi eleito em 2010, em dupla com o senador Magno Malta (PR), que fez campanha para ele nas classes mais pobres. O senador peemedebista tem penetração no eleitorado da Grande Vitória, mas no interior precisa de fortalecimento da imagem. 
 
Atuando no Senado, que o deixa ainda mais distante do eleitorado pode sair em desvantagem. Já o governador Renato Casagrande, que tem investido em fortalecimento dos prefeitos, sobretudo do interior, se torna um adversário forte a ser batido. Do outro lado, pode ter de enfrentar o senador Magno Malta, com um discurso sem amarras ao governo e com popularidade farta.
 
O PMDB vai apostar no discurso da excelência, que vem sendo lapidado pelo ex-governador Paulo Hartung em palestras e encontros pelo Estado. Mas desvincular o governo de continuidade de Casagrande às ações do governo passado, mostrando que o grupo foi melhor, pode ser uma estratégia de risco. Enfim, antes de colocar o nome na disputa, Ricardo Ferraço terá que aparar arestas no PMDB, com a classe política capixaba e com os aliados no campo nacional.

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