A saída do ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas do PSDB para disputar uma vaga na Câmara Federal pelo PPS representa duro golpe no partido e forma um novo quadro eleitoral no Estado, devendo provocar um esvaziamento da legenda, que inclui o prefeito de Vila Velha, Max Filho, do mesmo grupo que Luiz Paulo. .
Nesta segunda-feira (19), Luiz Paulo manteve contato com Max, líder do “PSDB Autêntico”. Eles marcaram para a próxima quinta-feira (22) um encontro com os integrantes do grupo para discutir as razões que levaram Luiz Paulo a deixar o partido. Para o ex-prefeito de Vitória, não havia mais tempo para organizar as estratégias eleitorais com o atual quadro partidário.
Luiz Paulo era uma das principais lideranças do grupo ao lado de Max Filho, cujo nome é ventilado como candidato a governador em 2018. Ele foi derrotado pelo vice-governador César Colnago na eleição para a presidência do partido, em 2017.
Com a imagem enfraquecida por conta do desgaste de figuras tradicionais do ninho tucano em nível nacional, o PSDB também atravessa uma crise no Estado, que se agravou com as investidas do governador Paulo Hartung (MDB) para assumir o controle da executiva estadual.
O resultado da eleição, atribuído a influências do governador, provocou uma divisão cujo desdobramento deixa o partido esvaziado para a disputa de 2018, favorecendo o projeto do ex-governador Renato Casagrande (PSB).
O novo quadro eleitoral que se forma com a saída de Luiz Paulo está relacionado diretamente a Casagrande, candidato ao governo ou a Senado, e ao prefeito de Vitória, Luciano Rezende, presidente do PPS no Estado.
Ambos são desafetos de Hartung, que, assim, amplia ainda mais a dificuldade de formar alianças, já que o PSDB que pode sobrar possui reduzida densidade eleitoral, segundo avaliação do mercado político capixaba.
Na formação de chapas para a Câmara dos Deputados, a saída de Luiz Paulo provoca algumas alterações. Umas delas diz respeito ao deputado estadual Josias Da Vitória, que já anunciou sua saída do PDT para disputar uma cadeira na Câmara Federal pelo PPS. Da Vitória disse que recebe “muito bem” a decisão de Luiz Paulo. “O PPS muito me honra com o convite, bem como o PSB, mas ainda não é o momento da decisão”, esquivou-se.
O esvaziamento de lideranças em potencial do PSDB deixa o governador Paulo Hartung sem muitas opções, já que o ninho tucano era a alternativa mais viável para seu projeto de sucessão.
A saída de um conhecido puxador de votos como Luiz Paulo representa dificuldades na formação de chapas para federal. O PSDB agora só conta com a pré-candidatura do secretário de Agricultura, Octaciano Neto, cuja filiação, imposta pelo Palácio Anchieta, também desagradou à ala dos tucanos mais antigos.
Observadores chamam a atenção ainda para a situação do PSDB em nível nacional. Com a saída do governador paulista, Geraldo Alckmin, para se candidatar à Presidência da República, assumirá o governo o vice, Márcio França (PSB), mesmo partido do ex-governador Renato Casagrande.
