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Sérgio Vidigal questiona governo federal sobre escolha do reitor da Ufes

Deputado manifestou repúdio à decisão de ignorar vencedor da lista tríplice, como ocorria desde 2004

O deputado federal Sérgio Vidigal (PDT) encaminhou ofício à Presidência da República e ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, manifestando repúdio à nomeação para a reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O documento critica o governo federal por ignorar a candidata mais votada da lista tríplice, Ethel Maciel, escolhendo para o cargo o professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e diretor do Centro de Artes, Paulo Sérgio Vargas.

“A decisão do atual governo, embora não seja ilegal, representa uma ruptura com os processos democráticos de gestão da universidade”, ressaltou Vidigal.

O deputado lembra que, desde 2004, o primeiro colocado da lista era nomeado em respeito à escolha da Ufes e que falta clareza em relação aos critérios considerados pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro, o que ameaça os “princípios da moralidade e impessoalidade previstos na Constituição”.

A professora Ethel Maciel foi aprovada por 67,5% dos eleitores da comunidade acadêmica – professores, alunos e funcionários -, com 26 votos. Ela venceu tanto a consulta aberta à comunidade quanto a escolha do colégio eleitoral, quando os conselheiros da Ufes indicaram a lista tríplice.

Já Paulo Vargas empatou na segunda colocação – 16 votos – com Rogério Faleiros, diretor do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), mas assumiu o segundo lugar da lista pelo critério de tempo de serviço na Ufes. Os dois apoiaram abertamente a candidatura de Ethel, em uma articulação que conseguiu evitar uma candidata bolsonarista e de oposição.

“Foi uma notícia inesperada a minha nomeação, em lugar do nome de Ethel, como seria óbvio e natural esperar”, reconheceu o novo reitor, que ficará no cargo até 2024. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União na noite dessa segunda-feira (23) e Paulo assumiu o cargo no dia seguinte.

“Embora lamentando que o nome da professora Ethel tenha sido preterido, firmo o compromisso de assumir a gestão da Universidade e fazer a defesa incondicional dos princípios da autonomia universitária, do ensino público, gratuito e de qualidade, da gestão democrática e participativa e do respeito aos direitos humanos fundamentais para a garantia do exercício da plena cidadania”, garantiu o novo reitor.

Ele também apontou como prioridade dialogar com os segmentos da comunidade universitária e suas instâncias representativas – Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), Sindicato dos Trabalhadores da Ufes (Sintufes) e Diretório Central dos Estudantes (DCE) –, e de fazer uma gestão que qualifique cada vez mais o ensino, a pesquisa e a extensão, com fins ao desenvolvimento científico e social.

Nessa terça-feira, Ethel Maciel divulgou uma nota sobre a escolha do governo federal e o processo eleitoral. “Muito obrigada aos estudantes e servidores que foram aos debates e às urnas no dia seis de novembro de 2019, pelo exercício da democracia, e por me legitimarem como a primeira mulher eleita à reitoria da Ufes. Obrigada também aos membros do colégio eleitoral por respeitarem a consulta à comunidade universitária, posicionando-me no topo da lista tríplice enviada ao MEC”, destacou.

Citando o atual momento como de “tantas incertezas quanto ao futuro”, a professora declarou seu apoio ao reitor Paulo Vargas, segundo ela, para dar serenidade na continuidade de um projeto coletivo. “Mesmo não sendo nomeada como gestora máxima, continuarei na busca e na defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade, especialmente em defesa da Universidade Federal do Espírito Santo”, completou.

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