Desde o retorno do recesso parlamentar, a Assembleia Legislativa tem vivido dias difíceis. Denúncias contra o presidente da Mesa Diretora, Theodorico Ferraço (DEM); briga na justiça por vaga no plenário; críticas de parte da imprensa sobre os gastos da Casa; pesquisa mostrando a rejeição da população à imagem do poder; crise com o presidente da Câmara de Vitória. Não é de se estranhar que os nervos estejam à flor da pele.
A intrigante cena protagonizada pelos deputados Roberto Carlos (PT) e José Esmeraldo (PR), na sessão dessa terça-feira (12), somada ao discurso do deputado Gilsinho Lopes (PR) na sessão desta quarta-feira (13) sobre o tratamento dado aos vetos do governo do Estado, mostram o nível de tensão que vem se instalando na Casa.
Quanto à briga, fica difícil controlar os ânimos dos deputados, já que em cada cabeça há uma sentença e ali são 30 cabeças. Mas a irritação de alguns deputados com o ataque à Casa já vem sendo sentido há algum tempo. Enquanto alguns brigam, outros correm para os microfones e tratam de fazer as prestações de contas do setor que tomam conta, para tentar dar uma justificativa à população de suas funções no Legislativo.
A esquizofrenia que tomou conta da Assembleia parece natural quando se analisa o momento histórico-político. Durante oito anos, a Casa foi comandada pelo Palácio Anchieta, com mão de ferro, pelo ex-governador Paulo Hartung. Com uma espécie de “Glasnost” trazida pelo governo Casagrande os deputados parecem estar perdidos, sem saber como caminhar em um mundo novo.
O sistema de barganha de cargos e emendas, que manteve os deputados alinhados ao sistema passado, somada à pressão terrorista do arranjo institucional que incluía o judiciário, parecem ter se enfraquecido nos últimos dois anos e agora, os deputados terão que disputar o mandato no voto. O que é mais difícil com o desgaste da imagem do legislativo, que só aumenta.
Fragmentos:
1 – O deputado Jamir Malini (PTN) pediu ajuda à Assembleia para uma empreitada difícil. Diz que vem tentando falar com o governador Renato Casagrande, mas não consegue retorno.
2 – O deputado estadual Hercules Silveira (PMDB) reclamou na sessão dessa terça-feira (12) da ausência da imprensa na prestação de contas do secretário de Saúde Tadeu Marino, que falou por mais de 3 horas aos deputados. Tem razão.
3 – A classe política capixaba está tão acostumada com os acordos políticos de bastidores e a ausência de disputa, que leva isso até para a escolha do coordenador da bancada em Brasília.